É muito interessante, agora lembrar daqueles tempos em que uma pessoa morria no bairro, pois a morte naquela época era algo raro e monstruoso. Era um alvoroço sem fim.
O corpo era velado na própria casa do morto. As janelas eram vedadas com pano roxo e o velório ficava num entre e sai sem fim.
Eu era criança e morria de medo quando sabia que alguém tinha morrido, mas observava a expressão dos adultos diante do inevitável. Havia gritaria, desmaios, sussurros ao pé do ouvido entre os parentes, amigos e vizinhos.
Era escolhida a maior divisão da casa, tapavam-se os móveis impossíveis de retirar com lençóis brancos, colocavam-se cadeiras à volta e o corpo do defunto ao centro, rodeado de flores e velas.
Velar o morto implicava o tempo necessário, dia e noite, até o sepultamento .Todos, no velório, vestiam-se de preto e, com um rosário nas mãos, dedilhavam o terço, continuadamente.
As velas acesas, as flores, as lágrimas, as preces, o negro das roupas impunham profunda solenidade ao velório.
A morte de uma pessoa bem colocada na sociedade transformava-se numa verdadeira pompa fúnebre (preparativos para um funeral),
Havia tambem,em algumas localidades brasileiras, o hábito de vestir um mendigo com roupas de falecido, para que os pecados cometidos, durante o tempo de vida, fossem aliviados ou perdoados pela justiça divina .
O Cortejo fúnebre
O caixão saia da casa do falescido á pé e segurando pelas alças, parentes e amigos se revezavam, seguindo pelas ruas da cidade, até a igreja.
Enquanto o cortejo passava, os estabelecimentos comerciais iam baixando suas portas em sinal de respeito ao falescido.
Na igreja, o Sacerdote abençoava o finado e em alguns casos, procedia a missa de"corpo presente".
Antigamente, havia um costume. Mesmo não mandando encomendar o corpo,segundo o ritual católico romano, bastava passar em frente á igreja e pronto. O corpo estava encomendado.
Depois da igreja, o cortejo seguia para o cemitério para o sepultamento.
Daí em diante, até um ano depois, a família vestia preto (as mulheres) e os homens colocavam uma tarja preta na manga da camisa.
Na missa de sétimo dia,amigos e parentes do falescido,recebiam o "santinho" com a foto do morto e os dizeres: "Saio dessa vida, mas não esquecerei aqueles que tanto amei na terra".
Existem colecionadores destes "santinhos", por incrível que pareça e ficam entre mórbidos e o cômicos.
Hoje é diferente, entendemos a morte e a vemos diáriamente nos jornais e telejornais; e fica aquela sensação de que hoje vida e morte caminham juntas e bem perto.
Atualmente, nota-se um afastamento dos jovens das tradições comuns à morte. Nota-se, igualmente, que as celebrações se desviam dos rituais religiosos, sentimentais e emocionais.
Pesquisa:
http://www.slideshare.net/beafonso3/faro-276487http://www.saopaulominhacidade.com.br/list.asp?ID=4542
http://www.saopaulominhacidade.com.br/list.asp?ID=4542
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