ESTÁDIO CÍCERO POMPEU DE TOLEDO
O Sonho do Morumbi cabe ao São Paulo Futebol Clube ser o proprietário do maior estádio particular do mundo. Durante as décadas de 50 e 60, o clube superou grandes dificuldades para erguer o "Gigante do Morumbi". Nos idos da década de 40, surge a idéia de construir um grande estádio para o Tricolor.
O São Paulo possuía então um grande time e conquistas expressivas, mas nenhum patrimônio, a não ser um terreno no Canindé. A finalidade da então diretoria era transformar um grande time num grande clube. Em 1942, com a compra do Canindé, o sonho do grande estádio chegou a ser passado para o papel, num anteprojeto, mas foi atrapalhado pela Prefeitura: o traçado da Marginal Tietê cortaria o terreno do São Paulo e o anteprojeto teve que ser abandonado. Aventou-se a idéia de trocar o Canindé por uma área maior, no Ibirapuera, no local onde atualmente é o Parque do Ibirapuera, mas o então vereador Jânio Quadros liderou uma campanha contra e a Câmara Municipal não aprovou.
Abandonada esta idéia, no ano de 1951, dirigentes do São Paulo percorreriam a cidade em busca de um terreno compatível com as suas ambições - construir o maior estádio particular do mundo. E foi assim que no final de 1951 encontraram uma área no Jardim Leonor (ou Morumbi), na região sul de São Paulo. A idéia de constuir um estádio numa area tão distante da cidade - na época, o Morumbi era um bairro praticamente desabitado - viraria piada entre os grandes clubes da capital paulista. Ninguém acreditava que a idéia sobreviveria, mas sobreviveu.
O primeiro passo foi tentar adquirir o dito terreno de 145.000 metros quadrados. Em dezembro de 1951, a prefeitura de São Paulo doou uma parte do terreno, sendo a outra parte comprada pelo clube. No dia 15 de agosto de 1952, o então presidente do clube, Cícero Pompeu de Toledo, assinou a escritura dando posse ao São Paulo FC do terreno e a edificação do sonho começou naquele mesmo dia com o lançamento da pedra fundamental. Para erguer o gigantesco estádio, a diretoria são-paulina encontrou muitas dificuldades, pois o dinheiro empregado saiu do próprio clube.
Iniciava-se ali uma nova fase para o São Paulo. O terreno no Canindé foi vendido para a Associação Portuguesa de Desportos e o dinheiro foi todo revertido em material de construção. Todo o resto da receita do clube também foi investida na construção do estádio, enquanto o time de futebol ficou em segundo plano. Para levantar o dinheiro necessário, o São Paulo usou de todos os recursos que dispunha, inclusive vendendo jogadores.
A abertura oficial do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, nome dado em homenagem ao então presidente do clube, aconteceu à 2 de outubro de 1960, numa partida entre São Paulo e Sporting Club de Portugal, com menos da metade do anel superior completo (apenas 30 dos 72 vãoos estavam completos). Mesmo com o estádio inaugurado, o sonho ainda não estava concluído. Este seria o mais longo período de sacrifícios que se poderia imaginar. Mais 10 anos foram consumidos para a obra ser terminada. Era uma época em que "mais vale um tijolo do que um jogador", para terminar o estádio. Após quase vinte anos de obstáculos inimagináveis superados, foi concluído o tão sonhado estádio. A inauguração completa aconteceu em 25 de janeiro de 1970. Neste dia o São Paulo empatou em 1 a 1 com o Futebol Clube do Porto. O Morumbi foi o primeiro estádio brasileiro a adotar traves arrendondadas, atualmente padrão oficial no mundo todo. O volume de concreto usado para construir o Estádio Cícero Pompeu de Toledo foi de 50 mil metros cúbicos. Daria para construir 90 prédios de 10 andares cada, com dois apartamentos de 150 metros por andar. O consumo de sacos de cimento (400 mil unidades) corresponde a 3200 caminhões de seis toneladas carregados. Ou, se colocados um ao lado do outro, estaria coberta a distância entre São Paulo e Belo Horizonte. A quantidade de ferro usada chegou a 6 mil toneladas. Se toda essa quantidade fosse soldada de ponta a ponta, na bitola 318, uma ponta ficaria em São Paulo e a outra em Lisboa, Portugal.
As festividades inaugurais do estádio alcançaram brilhantismo invulgar para esta obra monumental que o São Paulo F.C. entregou ao Desporto Nacional. Viveu a 2 de outubro de 1960 o esporte brasileiro um dos seus dias mais notável e histórico. Prestigiando a festa máxima dos tricolores, além do numeroso público que lotava completamente suas dependências, estavam presente altas autoridades do país, do Estado, Município e inúmeros próceres dos esportes nacional e internacional.
Antecedendo ao embate futebolístico programado entre o São Paulo Futebol Clube e o Sporting Clube de Portugal para a comemoração do evento, foi precedida pelo Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta a benção do estádio, após o que hastearam-se as bandeiras do Brasil e de Portugal sob os acordes dos respectivos hinos nacionais.
Em seqüência às solenidades, soaram os clarins da Banda da Força Pública, dando "toque de silêncio" como homenagem póstuma a Cícero Pompeu de Toledo, que foi o pioneiro da monumental concepção. Foi o ponto comovente das solenidades. Um ato emocionante. Os são-paulinos evocaram naquele momento a figura notável de seu saudoso presidente, o iniciador da magnífica realização que o São Paulo F.C. entregou a cidade de São Paulo e ao Brasil. Seguindo-se ao momento altamente emotivo, ouviu-se o apito do árbitro, Sr. Olten Ayres de Abreu, dando por iniciada a peleja internacional.
http://www.pinheiros.com.br/city/morumbi/estadio.htm
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