Revista "Feiticeira" do jornalista Augusto Gimenes, editada de 1964 a 1988
O uso do termo “Cidade Feitiço” vem do início dos anos 40, quando possuíamos bons oradores e os discursos eram corriqueiros e ocorriam em todo e qualquer lugar. E foi o jornalista Nair de Freitas, proprietário do jornal “A Cidade” que cunhou nossa cidade com esse epíteto sedutor, pois ele próprio foi aqui recebido com atenção e carinho e via que a cidade fascinava seus visitantes e os cativava com sua magia e poder sobrenatural.
O primeiro registro do slogan “Cidade Feitiço” foi do jornalista e professor Geraldo Corrêa, que foi lecionar por um tempo em São Paulo e de lá redigiu um artigo publicado no jornal “A Cidade” em 10.02.1943, denominado “Gostar de Catanduva”, dizendo da saudade que sentia da distante “Cidade Feitiço”.
Esse talismã virou uso e costume e o símbolo da feiticeira ou bruxinha expandiu e se espalhou pelos vários segmentos da cidade. Em 1957, Nhô Pai e Limeira fizeram a música “Cidade Feitiço”, que num trecho diz: “Catanduva Cidade Feitiço, me prende por isso, me fez prisioneiro. Catanduva cidade harmonia, não há melodia para te refletir. Catanduva meu verso é tão pobre, que feitiço nobre para falar de ti”.
Mas ninguém melhor que José Carlos de Freitas (Petit), filho do jornalista Nair de Feitas, para realçar o cognome criado pelo pai. Ele ganhou o concurso público para escolher o “Hino de Catanduva”, realizado pelo Departamento Municipal de Cultura em 1996, na gestão do prefeito Carlos Eduardo de Oliveira Santos e em 2005 o prefeito municipal Afonso Macchione Neto introduziu seu uso nas Escolas e faz a sua execução em todas as solenidades cívicas da cidade. Esse é seu trecho final: “Catanduva Cidade Feitiço, quem pisa teu chão não se esquece jamais. Teu feitiço é mais que um encanto inspira meu canto de amor e de paz! Precisa mais?...
Pesquisa no arquivo do Museu “Padre Albino”
http://www.catanduvacidadefeitico.com.br/cidadefeitico.php
Chama-nos a atenção o destaque dado aos olhos femininos, como podemos observar em dois textos publicados em dezembro de 1970 e em 1971, ano XXXI, da referida revista.
"Bem poucas mulheres dão aos olhos os cuidados que merecem. Salientando
a beleza dos olhos, você estará destacando o encanto do seu rosto. Como o
essencial é a simplicidade, você poderá usar a mesma pintura pela manhã e ànoite. Agora, se quiser um efeito mais sofisticado, depois das seis da tarde acrescente um leve sombreado abaixo da sobrancelha". (1970)
Em outro, depreende-se:
"Um par de olhos bem maquilados dá maior força sobre a beleza feminina.
[...] Aplique sobre as pálpebras farta camada de sombra líquida com
finalidade de umificar e conservar a maquilagem. Passe sombra em pó em
toda a volta do olho, tanto junto aos cílios superiores como inferiores.E
pronto: você está com os olhos mais sedutores do mundo".
Nos dois textos acima, pode-se configurar a polêmica discursiva, pois, se em um deles há afirmada a simplicidade, no outro, há assinalada a necessidade de intensificação da
maquiagem, como nítido apelo à sensualidade e à sedução. Resta-nos questionar a razão detanta atenção aos olhos. Para nós, trata-se de uma retomada do saber consensual de “os olhossão as janelas da alma”, olhos que, uma vez destacados, permitem a visualização da
feminilidade e da doçura, elementos e características vistos como “próprios” das mulheres.
UNAR, Araras (SP) , v.1, n.1, p.107-116, 2007
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Um comentário:
Adorava esta revista...
Meu tio Augusto nos presenteava assim q ficava prontinha pr as bancas..."ele a tratava com carinho especial"... saudade!
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