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terça-feira, 31 de maio de 2011

Filhos Ilustres de Catanduva- Wagner Homem




Não poderia deixar de incluir este nosso amigo, Wagner Homem,, como um dos filhos ilustres de Catanduva, no meu modesto Blog.
Estudou no(a) EAESP - FGV. Atualmente mora em São Paulo.

Nasceu em 8 de fevereiro de 1951





Histórias de Canções-Chico Buarque” chegou esta semana às livrarias portuguesas. No Brasil está nos tops e Wagner Homem, o autor, vai até iniciar uma colecção – as próximas histórias serão sobre as canções de Toquinho. Isabel Coutinho, em São Paulo

Numa tarde de Novembro, Wagner Homem entra na sala de um hotel de São Paulo e vai dizendo “moça, você está se queixando do calor mas não ligou o ar condicionado”. Risos para lá, risos para cá e a conversa começa animada. Wagner Homem costuma esconder-se por trás do “site” oficial de Chico Buarque (é também o curador dos “sites” de Maria Bethânia e Mario Prata) mas desde Outubro está na ribalta. Tudo por causa do livro “Histórias de Canções – Chico Buarque” cuja saída em Portugal esteve inicialmente prevista para 2010 (ver Ípsilon de 30-10-09) mas foi antecipada e está nas livrarias numa edição Dom Quixote.

O livro, que é o primeiro de uma colecção dedicada às histórias ligadas às canções de compositores, tem-se aguentado nos tops dos livros mais vendidos no Brasil. Formado em administração de empresas, Wagner Homem, 58 anos, trabalhou em jornais como revisor e redactor, passou pela rádio, mas nunca teve uma actividade ligada à produção literária. Por isso está a estranhar tudo o que lhe tem acontecido (anda imparável a promover o seu livro, dar entrevistas e autógrafos). “Eu tinha só uma certeza: não seria um fracasso. Mas nem de longe poderia supor que tivesse esse desempenho. O que é que acontece? Chico vende, é verdade. Mas existem outros livros com foto e o nome dele na capa que não tiveram a mesma performance”, diz. “O grande lance do livro foi mesmo essa simplicidade: contar historinha. Não tem a pretensão de fazer análise académica, literária, sociológica, psicológica. Conta histórias pura e simplesmente.”

Wagner Homem teve a ideia de fazer este livro por causa das perguntas que lhe enviavam para o “site”. Percebeu que algumas notinhas eram muito visitadas e quando organizou a informação achou que dava para iniciar uma colecção que deve ter continuidade com Toquinho.”
É de Toquinho aliás o prefácio deste livro. “Há uma vantagem de Toquinho em relação ao Chico: Toquinho é um falador. Fala que é uma maravilha! Então o próximo livro da colecção deve ser sobre Toquinho e tem outros que a gente está estudando.” Será o irmão de Toquinho, o escritor João Carlos Pecci (autor da biografia “Toquinho 30 anos de Música”), que escreverá o livro. Homem vai “supervisionar” a colecção.


Chico Buarque não participou em “Histórias de Canções” – estava a escrever “Leite Derramado” – mas leu as provas. Não fez nenhuma restrição em relação a nada do que leu e isso surpreendeu Homem. “Se meteu a corrigir uma ou outra coisinha e eu achava que ele ia torcer o nariz para aquela história da Mônica Salmaso sobre a canção ‘Ode aos Ratos’, achei que ele fosse falar: deixa quieto. Passou sem nenhum problema.” A história conta-se facilmente. Enquanto estava a escrever a letra Chico telefonou a Paulo Vanzolini, compositor e zoólogo, a perguntar coisas específicas sobre os ratos. “O nariz, como é que é? É frio? Quente? Macio? Duro? E a pelagem?”. Vanzolini, matreiro, responde: “- Ô Chico! Você mente tanto sobre mulher…Por que não inventa qualquer coisa também sobre os ratos?”. Chico não se atrapalha: “Pô, Vanzolini…Pelos ratos eu tenho o maior respeito.”

Já na adolescência Wagner Homem gostava de ouvir Chico Buarque. Ao contrário do seu irmão que preferia Simonal e achava Chico “um quadrado”. Mas não era fã incondicional. “Em 1968 fui dirigir no interior a peça ‘Morte e Vida Severina’, o poema de João Cabral de Mello Neto de que Chico fez a música. Eu achava a música ruim. Não gostava, achava que eram muito alegres para a peça.”
E tinha um motivo para isso: na sua opinião “a canção ‘Funeral de um Lavrador’ (‘Esta cova em que estás com palmos medida’…) no disco da peça foi gravada demasiado rápida. Tanto que quando o Chico a gravou [mais tarde num dos seus discos], gravou mais devagarinho.”

Com o passar dos anos Wagner Homem foi-se apercebendo de que entre aquilo que já tinha de Chico, havia coisas raras. Tinha um acervo respeitável. “Com o advento da Internet propus ao Chico fazer o ‘site’, ele topou e estou administrando há 11 anos. Conheci muita gente do mundo inteiro que tinha coisas que eu não tinha. Claro que tem muita roubada, você imagina. Tem muita coisa ruim, mas quando tem coisa boa é para valer.”

Wagner conheceu Chico por causa de ter organizado, em 1989, as letras das canções para o livro de Humberto Werneck “Chico Buarque letra e música”.
“Eu revisava as letras, passava para a editora e esta passava para Chico. Aliás aquela história que conto no livro sobre a letra ‘Meu caro Barão’ foi na decorrência disso. Nesta canção, Chico Buarque “tira o acento de várias palavras e faz com que rimem com outras (faxina com maquina, dizia com ausencia, lotado com sabado, virgula com ridicula, ouvido com palido, etc). Além disso comete, propositadamente, erros de concordância em frases como ‘o santo dos ladrão’ e ‘Deu uma cocega /Nos calo da mão’”.

Um dia Chico ligou-lhe pedindo que conferisse a letra. O texto que Wagner tinha enviado para a editora não era o mesmo que tinha sido enviado para Buarque. Num excesso de zelo, alguém na editora corrigiu os “erros” ortográficos e gramaticais do letrista. “Um cara na editora meteu acento em tudo”, ri-se Wagner a contar a história.

Quando Chico Buarque foi com os pais viver para Roma (aos nove anos) escreveu num bilhete que deixou para a avó: “Vovó Heloísa. Olhe vozinha não se esqueça de mim. Se quando eu chegar aqui você estiver no céu, lá mesmo veja eu ser um cantor do rádio”. E esta determinação parece tê-lo acompanhado ao longo da vida. “É engraçado como ele já moleque, ele já peitava as vacas sagradas [encarava, discutia com]. Em geral com as vacas sagradas você baixa a cabeça mas ele já discutia com Tom [Jobim] e Vinicius [de Moraes] desde o comecinho. Aquela história do tamanco é uma maravilha”, continua Wagner Homem a contar entusiasmado. E de repente desata a cantar o verso original. “Vou coleccionar mais um soneto/ Outro retrato em branco e preto/ A maltratar meu coração”. Numa ocasião Tom Jobim, autor da música, teria dito a Chico que ninguém fala: retrato em branco e preto” e que a expressão correcta seria “preto e branco’. Ao que Chico teria respondido:”Então tá. Fica assim: ‘Vou coleccionar mais um tamanco/outro retrato em preto e branco’.”

“Nessa altura, no final dos anos 60, Chico ainda era um garoto e Tom já era Tom Jobim”, explica Wagner. “Chico sempre tratou todo o mundo no mesmo nível com todo o respeito, você vê a carta dele para Vinicius [publicada no livro], ela é toda cheia de respeito, chamando Poeta, mas defendendo cada vírgula da letra.”

O PÚBLICO viajou a convite da Portugal Telecom

(Entrevista publicada no suplemento Ípsilon, do jornal PÚBLICO de 4 de Dezembro de 2009)

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http://www.ciberescritas.com/?p=6327




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