O acordeão (em português europeu) ou acordeon (em francês), por vezes também chamado de sanfona[1] ou ainda gaita é um instrumento musicalaerofone de origem alemã, composto por um fole, um diapasão e duas caixas harmónicas de madeira.
Acordeão ou sanfona
No Brasil
O primeiro acordeão que chegou ao Brasil chamava-se concertina (acordeão cromático de botão com 120 baixos). O acordeão tornou-se popular principalmente no nordeste, centro–oeste e sul do Brasil. Os primeiros gêneros (fado, valsa, polca, bugiu, caijun etc.) retratavam o folclore dos imigrantes portugueses, alemães, italianos, franceses e espanhóis.
Porém, no Nordeste (onde o acordeão é conhecido como sanfona), desde o início do século XX, mais precisamente com a construção da malha ferroviária brasileira pelos ingleses, deu-se início a um novo ritmo, o forró, característico do nordeste brasileiro, no qual um dos principais instrumentos musicais é o acordeão.
No Rio Grande do Sul, o acordeão é mais conhecido como gaita, e a gaita-ponto (acordeão diatônico) também é conhecido como gaita-botoneira, gaita de botão ou simplesmente botoneira. No sul, especialmente no Rio Grande do Sul, devido ao fato de sua música tradicionalista, ter a gaita como majestade e rainha dos bailes, o instrumento ficou muito conhecido, logo, grandes nomes surgiram, que também foram precursores da música gaúcha, como Adelar Bertussi, Albino Manique, Edson Dutra, Porca Véia dentre outros.
História de um sanfoneiro
SIVUCA
Considerado um dos músicos mais completos do século XX, SIVUCA nasceu Severino Dias de Oliveira, em 26 de maio de 1930, na pequena cidade de Itabaiana, interior da Paraíba. Filho de sertanejos, o menino foi o segundo dentre os três irmãos albinos.
A música apresentou-se como alternativa de sobrevivência, diante da impossibilidade de tomar sol durante o trabalho na lavoura, junto com o pai e os demais irmãos, por ter a pele desprotegida de melanina.
Aos cinco anos tocava gaita para as primas da família. Aos nove empunhou uma sanfona pela primeira vez, num dia de Santo Antônio, em 13 de junho de 1939. “Aí eu comecei a tocar e não larguei mais”, relembra SIVUCA. Daí por diante, a sanfona – ou “a neguinha”, como costumava brincar – foi sua grande companheira até o resto da vida, conduzindo-lhe a uma imensa aventura musical no Brasil e no mundo.
Iniciou o percurso nas festas de sua cidade natal: casamentos, batizados, aniversários... Mudou-se aos 15 anos para Recife. Tocou na Rádio Clube de Pernambuco – onde ganhou o apelido – e na recém-inaugurada Rádio Jornal do Commércio.
SIVUCA afirma que deve a Recife sua formação musical, pois foi ainda nesta cidade o encontro com o maestro Guerra-Peixe, com quem passou a ter aulas. Na memória do sanfoneiro, ficou a permanente recomendação do maestro: “música é trabalho”. Em 1955, muda-se para o Rio de Janeiro. Em 1957, é eleito pela imprensa o melhor instrumentista do ano. Tem um programa musical na recém-inaugurada TV Tupi.
Já no fim da década de 50, em virtude de uma lei criada pelo compositor e então deputado federal Humberto Teixeira – de incentivo à divulgação da cultura brasileira no exterior – SIVUCA faz uma turnê pela França, Portugal, Bélgica e Itália, juntamente com Trio Iraquitã, Abel Ferreira, entre outros. É o primeiro reconhecimento internacional do artista.
Decide permanecer na Europa, de 1958 a 1963, onde grava vários discos, com destaque para Africaníssimo (com Duo Ouro Negro), Samba Nouvelle Vague, Bossa Nova ad Alta Quota with SIVUCA e Rendez-vous a Rio. Toca com grandes nomes da música na época, com destaque para Edith Piaf.
Retorna ao Brasil e se depara com o ostracismo da sanfona. O cenário musical pareceu-lhe reduzido à bossa-nova e à jovem-guarda, ambos estilos para os quais o instrumento soava antiquado, símbolo de um país oligárquico, rural, oposto aos valores do “Brasil urbano”, que se iniciava.
Sem perspectiva, volta novamente para Recife e acredita ter encerrado a carreira musical. Engano. A convite de Carmem Costa, muda-se para Nova Iorque a fim de assessorá-la musicalmente. Conhece então a cantora e militante negra Miriam Makeba, com quem passa a fazer turnês pela África, Europa, Ásia e América.
Em 1969, foi convidado por Oscar Brown Jr. para dirigir e representar o musical Joy, que estreou no ano seguinte, de grande sucesso no circuito off-Broadway. Toca com grandes nomes do jazz como Harry Belafonte, Julie Andrews, Nelson Riddle, Bette Midler, entre outros, e faz trilhas musicais para filmes.
Nos Estados Unidos, SIVUCA é consagrado um dos mais importantes instrumentistas do mundo, reconhecido como pianista, percussionista, violonista, guitarrista, compositor, cantor, arranjador e regente. Mas o tempo longe do Brasil não o afastou das raízes musicais, tanto que grandes sucessos do sanfoneiro no forró, como Feira de Mangaio, e no frevo, Folião Ausente, foram compostas em Nova Iorque. “Fiquei ainda mais brasileiro. A brasilidade eu carrego comigo para todo lugar”, diz.
Retorna ao Brasil em 1977, e lança o álbum Ao Vivo no Seis e Meia, junto com Rosinha de Valença, considerado um dos cem melhores álbuns do século XX. Posteriormente, grava dezenas de discos próprios e em parceria com amigos – Rildo Hora, Chiquinho do Acordeon, Toots Thieleman, Erik Petersen, Quinteto Uirapuru, Dominguinhos, Oswaldinho, entre muitos outros.
Depois da vivência no exterior, o mestre destaca as singularidades da sanfona no Brasil: “eu creio que o sanfoneiro brasileiro é o único que toca choro, pra começar. O europeu talvez tenha até mais técnica que o brasileiro, mas na hora da pulsação musical, o brasileiro tem esse pulo do gato que é tocar choro, é tocar forró, é fazer ritmo com a sanfona, que eles não sabem fazer”, afirma.
Na década de 80, inicia a composição de peças para orquestra sinfônica. A primeira foi o Concerto Sinfônico para Asa Branca, uma homenagem a Luiz Gonzaga, o sanfoneiro que, segundo SIVUCA, inaugurou uma escola do instrumento no Brasil.
O mestre descreve as orquestrações como o “nascimento depois de uma grande gestação de uma vocação natural (...) o ponto culminante de uma tendência musical”. Um dos objetivos de SIVUCA sempre foi o de levar a sanfona à família dos instrumentos para orquestra sinfônica, destacando o sotaque nordestino.
“Toco um instrumento bastardo, mas cheio de recursos harmônicos”. O sanfoneiro lembra uma história do início da carreira, quando Villa-Lobos foi a Recife em busca de talentos. Quando chegou para fazer o teste, um menino trompetista disse que o maestro não receberia sanfoneiros. “Perdi a chance de conhecê-lo”, recorda.
SIVUCA não só fez arranjos e orquestrações para a música clássica como também executou o instrumento em orquestras no Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte) e no mundo (Noruega, Dinamarca, Suécia e Alemanha).
Uma das grandes contribuições do mestre foi diminuir a distância entre o erudito e o popular, demonstrando como os estilos dialogam numa mesma circularidade musical. Faleceu em 14 de dezembro de 2006, vítima de um câncer. Deixa um enorme legado musical a ser conhecido e explorado pelas novas gerações.
http://www.sivuca.net/sobre_sivuca.html
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Hoje um dos maiores sucessos musicais é "Stéreo Love" com acordeão.
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