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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Rogéria, a mais famosa travesti do Brasil






Ainda adolescente, no tempo da ditadura, Rogéria corria da polícia nas ruas, um pouco prejudicada pelo salto, é claro. Mas como todo brasileiro, ela sempre soube se levantar, ajeitar o penteado e seguir em frente. A uma certa altura, foi animada a candidatar-se a presidente para transformar o Palácio do Planalto em Casa Rosada. Não aceitou. 

Rogéria é uma mulher séria. Mulher modo de dizer, porque desde que se entende por gente, Rogéria nunca abandonou seu lado Astolfo Barroso Pinto, sua verdadeira identidade. Ou não, Rogéria atravessou a vida na corda bamba de ser ele e ela ao mesmo tempo. Com certeza, por isso, sempre se recusou a fazer a tal cirurgia para mudar de sexo. Por incrível que pareça, Rogéria adora sua genitália masculina. 

Língua ferina, e sem freios, ela critica o movimento gay por achar coisa de mariquinhas. Não é qualquer travesti que tem cacife para dizer isto, mas Rogéria não é um travesti qualquer. Ao contrário, Rogéria é um mito da cultura brasileira, aplaudida de pé nos teatros e saudada nas ruas por senhores, senhoras e pelas vovós mais conservadoras. Aos 66 anos da mais convicta “loirisse”,
Rogéria!!!

Astolfo Barroso P*nto, o menino com jeito delicado e muito brilho nos olhos ensaiava seus primeiros passos ao mesmo tempo em que cantava como gente grande. Nascido em 25 de maio de 1943 em Cantagalo, Norte Fluminense, não demorou muito para que sua estrela começasse a brilhar. Era atração do bairro onde morava com sua família, tendo total apoio de sua mãe, D.Eloá, e seus dois irmãos, todos sem nenhum preconceito em relação ao homossexualismo. Astolfinho, como era chamado, afirma que “se não fosse minha mãe, eu não seria Rogéria”.
Na juventude, tendo se inspirado em ícones cinematográficos internacionais como Betty Davis, Marilyn Monroe, desde os 10 anos quando morava em Niterói, interpretava personagens como Cleópatra bem como costumava se atirar dos cipós imitando Jane, preferida do Tarzan.
Sua mãe bordou toda a primeira roupa de baiana para o show inaugural de sua gloriosa carreira que aconteceu no Stop Club em 196X. Na época, já exercia a atividade de maquiador na antiga TV Rio e aos 19 anos embelezava personalidades do mundo artístico como Fernanda Montenegro, Emilinha Borba, Marlene, Elizete Cardoso, Nair Belo, entre outras. Nessa ocasião, a atriz Zélia Hoffman resolve chamá-lo por Rogério, que seria mais “soft”, justificando que Astolfo, nome de batismo, seria muito formal. A consagração do nome artístico veio no concurso de fantasias no Teatro República (RJ) em 1964. Vestida de Dama da Noite, vedete sofisticada do Moulin Rouge (Paris), empatou em primeiro lugar com Susy Wong que estava ricamente vestida. O resultado ocorreu não tanto pelo luxo de sua fantasia, mas pela presença de um talento nato, que a levou a roubar a cena. Foi quando, pela primeira vez, o público aclamou por Rogéria. A partir daí assume de fato a nova personalidade e com humor refinado garante que não tirou o P*nto nem do nome...
Na condição de homossexual consciente, Rogéria enfrentou inúmeros preconceitos de uma sociedade que jogava pra debaixo do tapete tudo o que não fosse convencional.
O sucesso logo despontou para essa geminiana com ascendente em leão. Primeiro no Internacional Set, posteriormente no Le Girls, o mais importante show de travestis de todos os tempos, passou a ser a grande estrela de Carlos Machado. Autodidata por excelência, inteligência aguçada, astúcia ferina e voz inesquecível, Rogéria arruma as malas rumo a novos desafios: parte para a carreira internacional começando por Moçambique.

Na Espanha nos anos 70 - enquanto participava do espetáculo com sucesso absoluto de público - teve que abandonar o palco devido às leis locais que obrigavam a operação de troca de sexo, prontamente rejeitada por Rogéria. Transferiu-se para a França logo a seguir, sendo o grande destaque do Carrousel de Paris. Nesta fase deixou o cabelo crescer, optou por fazer tratamento hormonal onde a figura feminina definitivamente se instalou.
Seu retorno ao Brasil foi glorioso, os elogios à sua carreira tornaram-se fatos corriqueiros, tendo recebido varias condecorações, entre eles o Prêmio Mambembe (1979), pelo espetáculo que fez ao lado de Grande Otelo com direção de Aderbal Freire Filho.

Hoje trabalha no Instituto do Coração em São Paulo.

No "caos" com Rogéria-08/02/2012


Ontem num estúdio em Pinheiros, gravando um programa de TV apresentado pela mitológica Rogéria.

Tudo ia bem até o meio da tarde, quando um estrondo interrompeu a gravação. Parecia que o telhado estava desabando.

Fui à rua ver o que estava acontecendo. Pedaços de gelo do tamanho de bolas de gude caíam, amassando carros e quicando na calçada. Já vi granizo em São Paulo antes, mas nunca com aquela intensidade.

Em poucos minutos, a rua toda ficou coberta por uma camada de 20 cm de gelo. O gelo entupiu as calhas do prédio e a água começou a invadir o estúdio.

Enquanto o mundo caía lá fora e a equipe tentava impedir a inundação, Rogéria, completamente alheia ao caos, contava a uma assistente casos de sua primeira viagem ao Irã, nos anos 70.

Interrompemos a gravação. O carro que deveria buscar Rogéria e sua “entourage” – o “stylist” Ronald e o assistente Lucas – estava parado num engarrafamento monstruoso e não conseguiu chegar a Pinheiros. Tentamos vários pontos de táxi na região, sem sucesso.

A única solução para levá-los ao hotel, na Paulista (Rogéria mora no Rio), era o metrô. Rogéria, num bom humor tremendo, achou a idéia ótima: “Faz anos que não ando de metrô em São Paulo, vai ser uma aventura."

E foi mesmo. Primeiro, andar pelo Largo da Batata com Rogéria, de salto, lenço na cabeça e um óculos escuros Prada, sendo cumprimentada e chamada de “linda” e “gostosa” por várias pessoas. “Eu amo São Paulo, aqui eles sabem reconhecer os artistas."

No metrô Faria Lima, outro caos: a fila chegava quase à rua.

Sugeri procurar um restaurante para esperar o pandemônio passar. O bairro todo estava sem luz e os faróis de trânsito, apagados. Pinheiros era uma visão do inferno. Rogéria não se abalou: “Vamos andar a pé, assim eu conheço um pouco do bairro!”

Andamos uns oito quarteirões e paramos numa cantina. O lugar estava sem luz, mas o mâitre foi gentil e nos atendeu. Rogéria aprovou a comida: “Nem em Roma comi uma massa como a sua, dê os parabéns ao chef!”

Paramos na Rua dos Pinheiros para tentar um táxi. Os dois assistentes de Rogéria e eu ficamos pelo menos 20 minutos numa esquina, gritando para os carros que passavam. Ninguém parou.

Rogéria resolveu agir: “Meus amores, podem deixar que eu vou chamar um táxi. São Paulo não vai deixar Rogéria a pé!” E ela ficou na esquina, com o braço esticado, dizendo “Uhuuuu! Pelo amor de Deeeeeeeus, um táxi! Ajuuuudem!” Em três minutos, um táxi parou.

O carro subiu a Rebouças, que estava em obras. Quase fomos abalroados por um trator – juro, parecia uma miragem – que subia a avenida às sete e meia da noite. Levamos quase uma hora para chegar à Consolação.

Rogéria parecia estar se divertindo. Sentada no banco da frente, contava ao motorista histórias de suas primeiras visitas a São Paulo, nos anos 60. “A gente ia às boates ouvir bolero, coisa chique, não esses bate-estacas horríveis de hoje.”

Quando o táxi passou em frente à Nostromondo, famosa boate gay na Consolação, ela não se conteve: “Ah, a Nostro... Quantos shows não fiz lá? Quantos prêmios não ganhei ? Que saudades!

Levamos mais 40 minutos para andar três quarteirões na Paulista. E, aí, a paciência de Rogéria parecia estar chegando ao fim: “Gente, o que é isso? Nunca vi um engarrafamento desses, Deus me livre. Que horror.” O clima azedou.

Até que outro táxi emparelhou com o nosso, e o motorista a reconheceu: “Rogéria, você está linda, cada dia mais jovem...”

“Ah, meu amor, que bondade a sua! Você é que está lindo, com esse bigode chiquérrimo! Deus te abençoe, querido!”

E virou-se para nós, no banco de trás:

“Puta que pariu, eu amo essa cidade!”

Escrito por André Barcinski

http://andrebarcinski.folha.blog.uol.com.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rog%C3%A9ria#Biografia
http://www.bloggravatv24horas.com.br/2011/10/rogeria-com-muito-brilho-no-jo.html
http://www.domtotal.com/entrevistas/detalhes.php?entId=30


O controverso “nu frontal” de Rogéria, atriz, por Luiz Garrido. Foto polêmica na exposição na câmara dos deputados em Brasilia em 2007, onde estariam expostas fotos de brasileiros famosos, culminando depois de muita discussão, por causa desta foto, no cancelamento da exposição.


Rogéria canta e é entrevistada no Programa Todo Seu de Ronnie Von na TV Gazeta de São Paulo.( 2011)








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