Duro é saber que Marilia Pera foi humilhada, expulsa nua de um teatro por agentes da ditatura militar da época, e que Bete Mendes, essa doçura de menina, foi barbaramente torturada por um certo Major Tibiriçá, codinome do hoje Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, naquela época. Elas sobreviveram, pelo talento, pela honestidade e estão até hoje aí na Televisão nos deliciando em outras produções. O Major Tibiriçá está escondido atrás da Lei da Anistia.
Válvula de escapa de uma geração que nascia cheia de esperança, confrontada com uma ditadura militar e uma sociedade hipócrita e em decadência. Beto Rockfeller forever.
Plínio Marcos e Luiz Gustavo).
Cassiano Gabus Mendes era o superintendente da TV Tupi, em 1968, e reformulou a telenovela brasileira ao desenvolver sua idéia maior: "Beto Rockfeller". Para escrever sua história, convidou Bráulio Pedroso, que ainda era apenas um escritor conhecido somente nos meios teatrais para desenvolver sua idéia. Porém, Bráulio Pedroso, soube aproveitar com surpreendente talento as modernidades idealizadas por Cassiano.
A TV Tupi, além de ter sido a pioneira das televisões brasileiras, foi também a pioneira como inovadora no gênero da teledramaturgia. Ela exibia, às 19h, a novela “Antônio Maria”, que também se passava nos dias atuais, porém ainda era uma trama romântica, nos moldes das novelas apresentadas até então.
O que reforça a idéia de que foi “Beto Rockfeller”, quem quebrou o padrão de novelas do país, pois mostrava um mecânico de oficina que tentava se dar bem na vida, aplicando pequenos golpes.
Pode-se dizer que “Beto Rockfeller” estreou na TV e decretou o fim das novelas românticas: no dia 4 de novembro de 1968, na TV Tupi. Durante os 13 meses em que ficou no ar, a novela trouxe grandes inovações estéticas que sacudiram a TV brasileira.
O país convivia com censores que faziam um verdadeiro rapa em todas as manifestações culturais. No mês anterior à promulgação do AI-5, entrava no ar o primeiro anti-herói das novelas.
Alguns capítulos eram gravados minutos antes de a novela ir ao ar o que dava chance aos atores de arranjar um jeito para criticar o sistema. Para o público, acostumado a uma linguagem formal, era o máximo ver uma turma que freqüentava a noite e lançava gírias como bicho.
Porque Beto Rockfeller (Luiz Gustavo) era um “bicão” de festas que se passava por milionário (que seria primo em terceiro grau do magnata Rockfeller) para tentar dar um golpe do baú.
Para que sua origem não fosse descoberta, ele fazia todo tipo de trapaça. O personagem acabou de vez com o maniqueísmo típico das novelas da época. Na realidade, ele era um representante da classe média que trabalhava numa loja de calçados.
Entrou na alta-roda através de sua namorada Lu (Débora Duarte), mas acabou dividido entre ela e Cida (Ana Rosa), a humilde namoradinha do bairro onde morava, e ainda se apaixonou por outra moça, Renata (Bete Mendes), uma grã-fina decadente, que conhecia sua real situação. Para se safar das confusões, contava com a ajuda dos fiéis amigos Vitório (Plínio Marcos) e Saldanha (Ruy Rezende).
Elenco
Luiz Gustavo .... Beto Rockfeller
Débora Duarte .... Lu
Bete Mendes .... Renata
Ana Rosa .... Cida
Irene Ravache .... Neide
Plínio Marcos .... Vitório
Marília Pêra .... Manuela
Walter Forster .... Otávio
Maria Della Costa .... Maitê
Jofre Soares .... Pedro
Eleonor Bruno .... Rosa
Rodrigo Santhiago .... Carlucho
Theo De Faria .... Lavinho
Ruy Rezende .... Saldanha
Walderez de Barros .... Mercedes
Pepita Rodrigues .... Bárbara
Etty Fraser .... madame Waleska
Zezé Motta .... Zezé
Lima Duarte
Othon Bastos
Jayme Barcellos
Marilda Pedroso
Gésio Amadeu
Martha Overbeck
João Carlos "Midnight" - Vadeco (cafajeste)