Eu e minha irmã Roseana pequenas. |
Quanta lembrança gostosa de simplicidade e pureza daqueles tempos de infância e juventude!
Era uma vida sem excesso de tecnologia, , sem conservantes em demasia, sem enlatados em exageros, sem congelados, sem talões de cheque, sem assaltos e crimes (raríssimos), só ladrões de galinhas, sem muitos documentos, sem trânsito, sem preocupação com ecologia...
As pessoas eram mais livres; as crianças corriam a noite, brincando pelas calçadas enquanto suas mães colocavam cadeiras nas calçadas, ou então nos alpendres, para "prosearem" com as vizinhas.
As vizinhas se presenteavam com pratinhos de bolo coberto com guardanapo de pano engomado, e quem recebia o presente, se sentia na obrigação de devolver o presente no mesmo prato e guardanapo!
Era muito bom chegar em casa, depois de brincar de "pega pega", e encontrar o apetitoso bolo da vizinha!
Quando caminhava pelo pontilhão rumo ao "outro lado" e subia a Rua Brasil, encontrava mulheres de sombrinhas, para se protegerem do sol forte, que impera até hoje na cidade.
Todos se cumprimentavam, sem exceção, ao se cruzarem nas calçadas:
"Bom dia!" "Boa tarde!" e os jovens entre si: "oi, tudo bom?". Quanta simpatia e cordialidade!
De manhã o padeiro deixava o pão quentinho na porta de casa! Quanta mordomia!
Não existia, pelo menos em Catanduva, o pão francês, só a "bengala".
O Leiteiro passava na porta de charrete, com um enorme latão de leite, e a gente ia até ele com nossa leiteira, que era abastecida de leite fresco vindo das fazendas da região.
Na nossa porta passava o vendedor de galinhas. Era pitoresco seu "mostruário". As galinhas eram amarradas pelos pés, em um cabo de vassoura vivas, cacarejando enfileiradas.
As casas não usavam campainha, para se chamar os donos, se batia palmas.
Batiam palmas pedidores de "lavagem", com latas nas mãos para que os donos das casas depositassem nelas, restos de comida para serem dadas aos porcos.
Passava na rua, o "bucheiro", gritando alto, para atrair as donas de casa, que despreocupadamente, vinham até ele com os cabelos envoltos em bobies, para comprarem suas especiarias.
Não havia supermercados, as compras eram feitas em empórios, e os mantimentos comprados á granel. Não eram pagas no cartão de crédito, não! Eram marcadas em uma caderneta e pagas só no final do mês. Todos os finais de mês, nossos pais se assustavam com a soma das cadernetas!
Nosso “ Playcenter “ era o parque de diversões instalado no Parque das Américas. Me recordo da roda gigante e do carrocel, da pipoqueiro, da maçã do amor, do alto falante do parque tocando músicas antigas, não me recordo bem, talvez “sabiá lá na gaiola” ou “Beijinho doce”...
Nos campinhos baldios, de terra batida, espalhados pela cidade, meninos improvisavam "Campinhos de futebol" e empinavam papagaios.
Nossos quintais eram cheios de hortas e árvores frutíferas, com muitas mangueiras, jabuticabeiras e goiabeiras.
As crianças tinham muito contato com a natureza! Subíamos em árvores e degustávamos as frutas diretamente do pé!
As cascas das mangas eram rasgadas com os dentes e a fruta chupada até o caroço ficar com os pelos quase brancos, o rosto lambuzado e os dentes todos peludos com os fiapos da fruta! Depois de lavados com sabonete, os caroços viravam palhacinhos ou Papai Noel.
Dentro das casas a decoração era simples em relação aos tempos atuais.
Nas salas da classe média catanduvense, normalmente se visualizava um sofá de quatro lugares e duas poltronas individuais em courvim, uma cadeira de balanço, no centro uma mesinha, um piano, uma tv preto e banco em cima de uma mesa suporte.
Toalhinhas de crochês recobriam todos os móveis. Em cima da geladeira não podia faltar aquele "Pinguim de geladeira"! Os “bujões” de gás e os liquidificadores usavam vestidinhos de crochê!
E aquela radio-vitrola em móvel de madeira escura com porta discos de acetato...
Tenho tantas doces recordações de meus tempos de infância e adolescência, que não seria possível colocá-las em uma só postagem deste Blog.
Obrigada Catanduva e seu povo hospitaleiro por terem me propiciado este momento de tanto prazer!
Mariângela Rodrigues Cândido
5 comentários:
NOSSA QUE COISA LINDA AMIGA!!!!! PARABENS POR SE EXPRESSAR COM TANTO AMOR E DELICADEZA!!!! FICOU MUUITO BOM MESMO BEIJÃO
Nossa Mariangela você me emocionou. Me lembro muito bem do bucheiro ( Sr. Leoncio)...tinha o garrafeiro, o Espanhol baixinho que vendia amendoim no viaduto de pedestre, sr. Airton pipoqueiro ( vendia pipocas perto do cine Central) Sr. Candido tocava sua matraca para vender seus bijus. Muita saudades.
que lindo amiga!...
q saudade...quantas recordações!
acabei de "assistir um filme!!"
MUITO LINDO E INTERESANTE PARABENS COISAS ASSIM NOS TARZEM DE VOLTA A UM PASSADO QUE HOJE NOSSOS JOVENS NAO TEM A FELICIDADE DE TER PASSADO POR ISSO
NO MEIO VI UMA COISA INTERESANTE SOBRE O LEITE QUE ERA ENTREGUE POR CARROÇAS ME LEMBREI DE QUANDO TINHA UNS NOVE ANOS TRABALHEI DE ENTREGAR LEITE NAS PORTAS IAMOS DE CARROÇA COM LATOES DE PORTA EM PORTA ENCHIAMOS OS LITROS DE DERRAMAVAMOS NAS CANECAS DAS SENHORAS, MAS AI VEM O INTERESANTE SAIAMOS DE MADRUGADA E IAMOS ABASTECER OS LATOES NO FINAL DA RUA BRASIL AINDA NAO ERA ASFALTADA AQUELE TRECHO, QUANDO RECEBIAMOS O LEITE DOS CAMINHOES ELE ERA PURINHO, MAS AI VINHA A MALANDRAGEM LEVAVAMOS UM LATAO DE AGUA QUE ERA COLOCADO NO LEITE PURO E DEPOIS VENDIAMOS MEIO LEITE E MEIO AGUA ,DESCULPEM MAS EU NAO TINHA CULPA POIS ERA O LEITEIRO QUE FAZIA ISSO E ELE MORAVA PERTO DE CASA NA RUA QUATORZE, CHAMAVA-SE SR. JOSE UM SR. EDUCADO, MORENO BAIXINHO GOSTAVA MUITO DELE.
MUITAS VEZES FOMOS PEGOS PELA FISCALIZAÇAO E JOGAVAM TODO O LEITE FORA RSSSSS
Belíssima página : descrição rica e sensível dessa época inesquecível , que não volta mais . Realmente seria necessário mais páginas para registrar toda essa riqueza de sentimentos. Parabéns
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