CARNAVAL CINQÜENTÃO (1968) - O MAIOR DE TODOS
Nelson Bassanetti
Abertura-Coroação da Rainha
O Carnaval de Catanduva, no ano do seu cinqüentenário de vida Municipal, teve início uma semana antes, em 20.02.68, quando aqui esteve, para coroar a rainha Amália Marangoni, o cantor e “show-man” Wilson Simonal, o que ocorreu em tablado armado no Parque das Américas, com presença de grande massa popular, tendo início o mini-corso e Carnaval de improviso ao longo da Rua Brasil. Depois houve um grande baile de gala no “Clube dos 300”, onde o traje era rigor ou fantasia fina, com animação de
AAmália Marangoni e o cantor Wilson Simonal |
Juventude, a tônica
“Show” de decoração
Uma comissão formada de gente nova, a maioria de estudantes, comandada por José Roberto de Domênico, planejaram tudo em base de novidade e esses jovens, demonstrando apurado gosto artístico, apresentaram um espetáculo bonito e alegre, um verdadeiro “show” de cores, luz e alegria contagiante com 20 alto-falantes irradiando músicas carnavalescas.Corso estupendo
A multidão, estimada em 50.000 pessoas, fazia do Carnaval uma festa familiar, onde crianças, grupos de amigos, idosos e famílias inteiras se acotovelavam nos dois lados da Rua Brasil, à solta sem a pasteurização dos carnavais atuais, quando o Catanduvense deixando o dia-a-dia da sisudez de lado, dava vazão a sua larga e marcante personalidade foliônica. Viram 12 carros alegóricos ricamente ornamentados não faltando música, luz e alegria. Participaram além dos carros oficiais (Rei Momo, Rainha, Princesas, dos blocos e o do “Gruda”, os da firma João Caparroz, representando a Ford e Willys, Usina Catanduva, Ventiladores Novelli, em forma de trem, que foi uma grande atração, Liga Catanduvense de Futebol, Associação Nipo-Brasileira; os jipes, as ximbicas e outros carros antigos , todos pintados a caráter e barulhentos como convém, fizeram grande sucesso em suas apresentações, especialmente pela alegria de seus foliões.
As Escolas de Samba “abafaram”
Todas se apresentaram de maneira brilhante, demonstrando exaustivo trabalho de ensaio desfilando em ritmo alucinante e com belíssimas fantasias. Destaque especial à Escola de Samba Higienópolis, de bateria com batuque avassalador, presidida por João Alberto Caparroz (ícone do nosso Carnaval) e comandada este ano pelo cantor e brilhante compositor Jorge Costa, fazendo jus à primeira colocação, seguida pela Coração de Bronze, Cruzeiro do Sul, Vila Motta, 13 de maio, D. Pedro II e Feiticeiras do Cinqüentão. Atrás das baterias, sem amarras, vinha “o engrossado”, era o povo que, não resistindo ao ziriguidum caia no samba; moços, velhos, garotas, meninos, gente pobre, maltrapilha, homem com filho no colo, irmanados no batuque do asfalto onde não havia cor, classe, religi&ati lde;o. Era o rasto das Escolas de Samba. Era o povo simples, sofrido a pular, esquecido da vida, que a hora e vez era do Samba.
Carro das Princesas e dos Blocos
Princesas do Carnaval Cinquentão |
Animados blocos encheram de canto e alegria os diversos carros alegóricos nas noites de carnaval. Num deles participaram: Celina Maura Manzano, Sílvia Helena Ceneviva, Rossana Grecco, Maria Regina Chimello,e Lia Raquel Balthazar Busnardo.
Em outro participaram: Maria Ângela Ribeiro, Maysa Minervino, Marinês Germano, Beatriz Cintra, Maria Helena Tricca, Marta Berrance, Sandra Maria Teixeira, Maria da Graça Pretoni, Cândida Augusta Manzano, Sonia Horta, Cecilia Soubhia, Regina Helena Buso, Silmara e Silvia Inês Coneglian, Roseli Chamelleti, Regina Sodré, José de Ávila Ribeiro Neto, Artur Barbosa Filho, César Bastos, Luiz Lopes, Fernando Wright, João Santaela Júnior, Gerson Sodré Filho, Augusto Quelhas, Eduardo Moraes Sales, Ricardo Ricardi, Elizabete Chimello, Maria Luiza da Rocha, Carmem Sílvia Mastrocola, Rosely Tricca, Maria Cristina Machado e Manoel Hernandes Filho.
Noutro bloco participaram: Vera Cristina, Cláudia Regina e Silvia Helena Braccio, Sara Regina, Fernando César e Sheila Roberta Boaro Ângelo, Antônio Ângelo Neto, Tânia Márcia e Paulo Roberto Camargo, Marcelo Carvalho e Patrícia Carvalho Ângelo.
E em outro ainda participaram: Yara Bailão, Silvia Maria de Castilho, Sônia Maria Devitto, Ana Vírginia Nunes Guimarães, Paulo A. Costa Nunes, Rosa Maria Baldo, Sílvia Canônico Micalli, Sílvia Luíza Bochini, Sílvia Ricardi, Liliana Rodrigues, Sandra Márcia Batista, Lauro César Gozzo, Carlos Roberto Magoga, Afonso Macchione Neto, Pedro Enzo Macchione, Paulo Roberto Rodrigues, Paulo Costa, Élcio Batista e Ico Ceneviva Júnior.
Bailes – No Clube de Tênis só empolgação
Como sempre os bailes carnavalescos foram sensacionais e em todos os salões sobressaiu-se o espírito alegre do folião catanduvense como no Clube dos Bancários, animação de Hélios Tricca e seu conjunto, na Sociedade Nipo-Brasileira, animação do Conjunto de Horácio Crepaldi, no Coração de Bronze, no Treze de Maio, no Cruzeiro do Sul e num tablado armado no Parque das Américas, um baile popular com a animação de J. Rodrigues e sua orquestra. No Clube de Tênis foi uma coisa espetacular contagiando os 3.000 foliões. O clube era presidido por Gentil de Ângelo, tendo como auxiliares diretos Wamberto Ceneviva, Silas Ben-Hur Castilho, Newton B. de Carvalho e Euclides Pereira e a animação desse ano foi com a grande orquestra de Osmar Milani de São Paulo. N o concurso de fantasias sobressaíram, Naur de Oliveira Bessa (George Hamilton) e sua esposa Neusa de Oliveira Bessa (Neves de Kilimanjaro), que eram proprietários do Hotel Presidente e originalidade, Suely Castor Pardo (Arauto do Rei).
Rainha e Rei magníficos
Um fator de grande sucesso neste carnaval Cinqüentão foi a feliz escolha da Rainha que recaiu na pessoa simpática de Amália Marangoni. Sua majestade se envolveu desde os primeiros momentos nos planos de organização e divulgação do nosso carnaval, indo a São Paulo, participando dos principais programas de televisão e visitando os principais jornais, propagando nosso Carnaval e demonstrando que ele seria um grande sucesso, como realmente foi. Ostentando maravilhosas fantasias e irradiando muita alegria, Amália gravou seu reinado com letras de ouro no maior carnaval da história de Catanduva. Amália teve sua beleza emoldurada por finos trajes e fantasias desenhadas por Da. Tuzinha Rezende: “Labareda”, “Traje Real”, “Toureiro” e “Champangnota”, todas co nfeccionadas e bordadas por madame Didica, arranjos de cabeça por Zilda Pigon e sapatos por Rômulo. Por sua vez José Carlos de Lucca, pela quinta vez como Rei Momo, pontificou-se como um grande soberano da folia. Usou fantasias riquíssimas e de apurado gosto: “Romanoff, O Grão Duque da Prússia”, “Imperador Constantino, de Bizâncio”, “Aga-Khan” e “Bodas do Rei do Sião”, todas executadas por madame Maria Sganzerla
Visitantes - Recordes
Este ano foi um ano de supremacias, no terreno do carnaval. Tivemos 6.000 visitantes e vimos carros das mais longínquas cidades como: Curitiba, Londrina, Campo Grande, Porto Alegre, Salvador e outras. Dentre os visitantes ilustres destacamos o ex-governador Laudo Natel e sua esposa Dona Zilda, que veio nos prestigiar no domingo, sendo recepcionado pela família Pachá e pelo prefeito José Antonio Borelli, tendo presenciado o carnaval de rua e ido ao Clube de Tênis, onde cercado por foliões, não teve alternativa senão aderir à folia e brincar por alguns minutos, no maior baile do carnaval “feiticeiro”.
Divulgação
Um capítulo a mais, no livro do nosso carnaval coube também à imprensa, à rádio e à televisão. Com a ajuda do deputado Orlando Zancaner, que na ocasião era Secretário de Esportes, Cultura e Turismo do Estado de São Paulo, as portas das TVs. Record, Excelsior e Tupi foram abertas e deram apoio à divulgação do nosso Carnaval. E assim surgiram as entrevistas nos programas de Brota Júnior, Bolinha, Moraes Sarmento e Airton e Lolita Rodrigues, e outros, registrando a ocorrência desse evento. Aqui estiveram fazendo cobertura repórteres e cinegrafistas de grandes órgãos de divulgação nacionais, destacando os seguintes jornais: O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Diário de São Paulo, Última Hora, Notícias Populares, das r&a acute;dios Nacional, Piratininga e Marconi e da revista O Cruzeiro. Louve-se também o trabalho da Rádio Difusora local pelos locutores Pedro Gomes, Maurílio Vieira, Newton Carvalho e Wilton Gabas, capitaneados por Lecy Pinotti que marcaram presença em todos os locais e passaram boletins diários para emissoras de São Paulo.
Enfim o carnaval ficou na memória de todos quantos o assistiram, porque o samba completou meio século.
Pesquisa Revista Feiticeira de março de 1968, Revista Multi de fevereiro de 1998 e jornal “A Cidade” de 29.02.1968 – Arquivo Museu Padre Albino
2 comentários:
eu tinha 14 anos...
me lembro q a "festa" foi grande...
participei como "foliona de rua" e nas matinês do Cl de Tenis, ainda não tinha idade pr frequentar os Bailes Noturnos e "chorava de tristeza"...rsrs
Voce conheceu o Naur bessa de Oliveira?
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