Outro dia estava caminhando pelas ruas de búzios, no litoral do Rio, e me deparei com uma estátua em tamanho natural de Brigite Bardot, bela e despojada como era nos anos 60, quando passou uma temporada na cidade. Ela estava no auge da sua beleza e juventude, e trazia aquela áurea de símbolo sexual que a fazia tão amada e desejada mundo afora.
Fiquei um bom tempo olhando aquele rosto de bronze. Ali estava não apenas a imagem de uma bela mulher, um símbolo sexual. Só que ela era uma mulher no fundo sozinha, porque era, acima de tudo, um personagem.
Comecei então a pensar nas grandes damas que sofreram a solidão do sucesso e a síndrome do personagem desde a popularização do cinema e do aparecimento dos grandes símbolos sexuais. Lembrei-me primeiro da Gilda de Rita Hayworth. Uma das mulheres mais belas que já mostraram o rosto em uma tela de cinema.
Ela foi um dos grandes símbolos sexuais mundiais no inicio do século passado. Uma mulher que mexeu com a imaginação e os desejos dos homens mundo afora. Ela era tão bela, tão rica, tão glamorosa e, no entanto, tão infeliz. Rita casou-se cinco vezes entre 1937 e 1961. Todos os seus casamentos acabaram rapidamente e de forma triste. Ela costumava dizer que os homens se casavam com Gilda e se assustavam quando acordavam ao lado de Rita.
Nos anos 50 esse lugar foi assumido por Marylin Monroe. Uma mulher inteligente, bela e solitária. Um símbolo sexual explosivo, que assumindo o papel da “loura burra e gostosa” dominou os sonhos mais íntimos dos homens da época. Ela também não conseguiu se livrar do personagem que os estúdios a obrigavam a representar todo o tempo. Mesmo em sua vida intima ele a atormentava e, assim como Rita, seus relacionamentos foram um fracasso. Poucos homens estavam preparados para manter um relacionamento com Norma Jean e ela não podia ser ela mesma.
Nos anos 60 e 70 as atenções dos caçadores de fofocas infernizaram a vida de Jacquie Kennedy. Amada pelos norte-americanos, de quem foi primeira-dama até o assassinato de JFK, Jacquie foi implacavelmente perseguida e assombrada pela solidão de não poder ser ela mesma, mas sim um símbolo de um passado glorioso e de um crime brutal. Apesar da aparência feliz ela era uma mulher só.
E quando se pensa em mulheres que vivem um inferno em meio à “vida de sonhos”, um nome vem à mente, Lady Diana Spencer. Uma princesa de verdade. Uma mulher que se sentia incrivelmente só em meio a milhares de pessoas que a rodeavam, adulavam e a deixavam cada dia mais solitária. Poucas mulheres sofreram tanto a solidão em um casamento quanto lady Diana, que ainda era obrigada a ver sua solidão exposta em todos os tablóides.
Hoje eu olho nos jornais e vejo o retrato de Madona, ao lado de seu novo caso, após mais um relacionamento desfeito. Em seus olhos eu vejo a solidão daquelas mulheres que são massacradas pela avidez do publico por detalhes íntimos da vida das chamadas celebridades. Posso estar enganado, mas ela, como todas as demais, é uma grande mulher que está apenas procurando alguém que as ame. À mulher. Não ao personagem.
Marcio Luis Severo
Marcio Luis Severo– Colunista do site e da seção cultura e dicas.
http://www.sexoerelacionamentos.com.br/index.php/ser-sec/sec-cultura/251-mitos-e-solidao
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