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domingo, 7 de outubro de 2012

.Recordação: para quem vem dos anos 50






Recordação: para quem vem dos anos 50

HIstória: para quem veio depois

Nota: Os conceitos são de responsabilidade do autor do texto ( embora eu concorde que a maior parte deles - aldo della Monica)

Eu sou de um tempo distante, o chamado tempo do onça, tempo em que
qualquer esquina era uma geringonça.
'Trago lembranças bacanas das Casas Pernambucanas, das farras, no bonde
aberto, dos chapéus da Casa Alberto, tempo em que adultério era crime e o
Flamengo ainda tinha time.

Sou do tempo do buscapé, do rojão e do xarope São João, do tempo em que

menino só gostava de menina.

Sou do tempo em que futebol era pra macho, tempo em que ninguém
sossegava o facho nos bailes de formatura, dos playboys botando banca, tempo que o telefone era preto e a geladeira era branca.

Sou do tempo em que se confiava nas companhias aéreas, em que a penicilinacurava as doenças venéreas.
Tempo do confete e serpentina nas festas de Carnaval do Sírio, do Monte
Líbano, dos bailes do Municipal.

Sou do tempo do bicarbonato de sódio, do lançamento do Sonrisal.

Sou do tempo da Rádio Nacional, do lança perfume no Carnaval, do calouro na
hora da peneira, tempo em que pó era apenas poeira.

Tempo do terno de risca de giz, da calça de boca apertada, da Lapa de

Madame Satã , de poder ir torcer no Maracanã e lembrar da mãe do juiz.

Sou do tempo do "Doi Codi". E do comigo-ninguém-pode, da ditadura
envergonhada.

Sou do tempo em que ficar era não ir, tempo de permitir passeios à beira-mar.

Sou do tempo da brilhantina, do laquê, da Glostora, do Gumex.
O correio não tinha Sedex, o que vinha era telegrama trazendo uma má notícia.

Sou do tempo em que a polícia perseguia todo sambista que tivesse alguma
fama.

Tempo em que mulher é que usava brinco, e que as portas não tinham trinco.

Tempo em que se dizia "demorou" só pra quem''chegasse atrasado

'As calças não perdiam o vinco, picada era só na bunda, e só se aquela febre
profunda não tivesse melhorado

No meu tempo coca era refrigerante e todo homem elegante abria a porta do
carro.

Sou do tempo do tergal, do banlon, do terilene, da Emilinha e da Marlene no
sucesso musical

Sou do tempo do mocinho e do vilão com cara de mau, do reclame de
fortificante do óleo de fígado de bacalhau.

Sou do tempo da cocoroca, do tempo da Copa Roca, que muita gente não viu.

Aceitava-se qualquer cigarro sem medo de ser um novo fato.

Só preço podia ser barato; bicho era só o animal e cara, o rosto do pobre
mortal.

Sou do tempo do coreto, da banda, do velho cigarro Yolanda vendido na venda
da esquina.

Sou do tempo da estricnina, veneno tão poderoso, sou do tempo do leite de
magnésia, do sagu, do fubá Mimoso e do fosfato que curava a amnésia.

Do progresso tão abrupto que todo mundo assistiu; porém, político corrupto, o
rato que sai da toca...

Ora! Esse sempre existiu!


Sou do tempo em que Benjor se chamava Jorge Bem, a carne do bife era acém,
rabo de cachorro era bofe.

No meu tempo não havia estrogonofe, sou do tempo do tostão e também do
vintém, da zona com seus bordéis, programas de dez mil réis.

Sou do tempo da Cibalena e do Veramon. Só não vi a revista Fon-fon,

assisti filmes do Rin-tin-tin.''Sou do tempo da confeitaria Manon, da magia, do pó de pirlimpimpim.

Colecionei estampas Eucalol, acompanhei o lançamento da Avon, tomei o
fortificante Calcigenol.

Sou do tempo da PRK 30, do rádio tipo capelinha, dos contos da Carochinha,

Do tempo do remédio anunciado: "Veja, ilustre passageiro, o belo tipo faceiro

que o senhor tem a seu lado.

Mas, no entanto, acredite, quase morreu de bronquite, salvou-o o Rhum
Creosotado".

Sou do tempo da Cafiaspirinda compressa de antiflugestina, do Biotônico
Fontoura e do bálsamo benguê.

Fui leitor do almanaque Tico-Tico, do tempo em que trabalhador ficava rico.


Sou do tempo do óleo de linhaça, andei no Maria Fumaça.

Li muito a revista Cruzeiro, escrevi com caneta- tinteiro, separei o joio do trigo, vi
muito vigarista na cadeia.

Sou do tempo da Casa Cavè, do taco com cera Parquetina, dos discursos do
Presidente GV.

Só não fui garçom da Santa-Ceia...também não sou assim tão antigo.

Tempo de se curtir a vida sem medo de bala perdida.

Tempo de respeito pelos pais.

Enfim, sou de um tempo que não volta mais."

Carlos Alberto L. Andrade, jornalista, advogado, historiador,

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