Publicado durante cinco anos da década de 1960, o Pererê de Ziraldo conseguiu transformar o menino negro das lendas nacionais numa criança que, embora fosse normal, possuía todos os poderes mágicos de um saci.. Por isso mesmo, logo passou a liderar um grupo de amigos formado por um índio (Tininim), uma onça (Galileu), um coelho (Geraldinho), um jabuti (Moacir), um tatu (Pedro Vieira), um macaco (Alan) e uma coruja (Nogueira).
Pererê foi a primeira revista em quadrinhos totalmente brasileira e até hoje faz parte, com seus personagens, do inconsciente coletivo nacional. Suas histórias retratam um mundo generoso, ingênuo, em que há lugar para o mal, é claro, mas no qual existem pessoas (ou seres, já que a maior parte dos personagens é composta por animais) capazes de coisas hoje em dia muito raras, como a solidariedade, a união e a sensibilidade. "Pelo entendimento de Carlos Leonam, Luiz Fernando Emediato, Amir Klink, Paulo Betti, Kati Almeida Braga e tantas outras figuras, crianças na época em que a revista Pererê circulava, acredito que vai dar certo. As histórias, quando as releio, parecem-me que ainda falam de coisas que permanecem. Vamos ver", disse Ziraldo sobre a expectativa do retorno da série.
Na verdade, Ziraldo, através da Turma do Pererê, fez literatura em quadrinhos. Suas histórias são clássicas, universais e atemporais. E esse retorno é, sem dúvida alguma, um marco para as HQs brasileiras.
O autor
Ziraldo Alves Pinto nasceu no dia 24 de outubro de 1932 em Caratinga, Minas Gerais. Começou sua carreira nos anos 50, em jornais e revistas de expressão, como Jornal do Brasil, O Cruzeiro, Folha de Minas etc. Além de pintor, é cartazista, jornalista, teatrólogo, chargista, caricaturista e escritor.
Explodiu na década de 1960, com o lançamento da primeira revista em quadrinhos brasileira feita por um só autor: A Turma do Pererê. Durante a ditadura militar (1964-1984), fundou com outros humoristas O Pasquim - um jornal não-conformista que fez escola -, que agora está de volta com O Pasquim 21.
Em 1969, Ziraldo publicou seu primeiro livro infantil, Flicts, que conquistou fãs em todo o mundo. A partir de 1979, concentrou-se na produção de livros para crianças. Seus trabalhos já foram traduzidos para diversos idiomas como inglês, espanhol, alemão, francês, italiano e basco.
Por Sidney Gusman
http://www.universohq.com/quadrinhos/n06062002_03.cfm
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