Visite tambem o novo Blog.

Visite tambem o novo Blog Relembre os acontecimentos dos anos 80 a 2000 : http://www.yzbrasil.blog.br/

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Emerson Fittipaldi- 40 anos da primeira vitória na F1







Foi o primeiro brasileiro campeão mundial em categorias de ponta no automobilismo internacional, abrindo portas para vários compatriotas. Foi bicampeão da Fórmula 1, campeão da CART (Fórmula Indy) e bicampeão das 500 milhas de Indianápolis.
Sua Carreira


No Brasil
Em 1964, ele foi notado a primeira vez em Interlagos, quando brigou com o diretor da prova que o impedia de entrar na ambulância que levava seu irmão Wilson, logo após ele ter sofrido um acidente em sua berlineta da Equipe Willys. Nesse mesmo ano Emerson se tornou piloto e começou a competir de kart, estreando com uma vitória em Santo André (SP), no dia 12 de abril. Terminou o campeonato em nono lugar. Sagrar-se-ia campeão paulista em 1965, quando estreou no automobilismo, dirigindo um Renault 1093, numa corrida na Ilha do Fundão pelo Campeonato Carioca. Ali sofreria também o seu primeiro acidente.

Em 1966, o irmão Wilson teve uma experiência internacional na Fórmula 3, correndo na Argentina, mas apesar de prometido não conseguiu um carro para as corridas na Europa e voltou ao Brasil. Wilson resolveu construir carros de fórmula conhecidos como Fórmula Vê. Emerson dominou o campeonato de Super Vë de 1967, ganhando cinco das sete provas com o carro construído pelo irmão. Também voltou a ser campeão de kart.

Os irmãos Fittipaldi construiriam ainda um Fitti-Vë e Emerson ganhou a II Cem Milhas de Kart em Piracicaba, disputada em 1968. Mas a categoria brasileira estava em crise e Emerson resolveu tentar a sorte na Europa. Iriam com ele os pilotos Luiz Pereira Bueno e Ricardo Achcar (que já havia vencido naquele mesmo ano na Inglaterra com um carro alugado), mas acabaram desistindo. A última vitória de Emerson no Brasil antes de viajar foi nas 12 Horas de Porto Alegre, pilotando um Volks 1600 (em segundo, pilotando um Corcel, chegaria José Carlos Pace).


Carreira internacional
Emerson teve a sua primeira corrida intenacional em 7 de abril de 1969 na Holanda e três meses depois, após muitas vitórias na Fórmula Ford, ele estrearia na Fórmula 3 inglesa. Sagrou-se campeão da categoria aos 22 anos.

Seu imenso talento foi notado por Colin Chapman, proprietário da equipe Lotus de Fórmula 1, que o contratou no ano seguinte para correr pela sua equipe.

Fórmula 1

A corrida de estréia foi no Grande Prêmio da Inglaterra, em Brands Hatch, onde terminou a prova em oitavo. Três semanas depois, em Hockenheim, marcaria seus primeiros pontos, com um quarto lugar. No final daquele ano, em Monza, seu companheiro de equipe, o austríaco Jochen Rindt, que liderava o campeonato, faleceu num acidente. A Lotus, de luto, retirou-se por duas corridas e voltou no penúltimo GP da temporada, em Watkins Glen. Nesse dia, Emerson venceu sua primeira corrida e, ao mesmo tempo, impossibilitou seus adversários de alcançar a pontuação de Rindt, que assim sagrou-se campeão mundial postumamente.


O ano de 1971 não viu vitórias de Emerson, embora sua atuação consistente lhe tenha garantido três pódios. Em 1972, com 5 vitórias, Fittipaldi tornou-se o campeão mundial mais jovem da história da Fórmula 1, com 25 anos, oito meses e 29 dias, recorde que manteve por mais de três décadas e que só foi quebrado em 2005, pelo piloto espanhol Fernando Alonso. Em 1973, Emerson venceu mais 3 corridas, no entanto perdeu o título para o escocês Jackie Stewart. O sucesso contribuiu fortemente para a entrada do Grande Prêmio do Brasil no calendário internacional no ano seguinte, no circuito de Interlagos. Ele mesmo venceu a corrida inaugural.

Em 1974, o piloto brasileiro trocou a Lotus pela McLaren, e, com três vitórias (uma delas no Brasil), sagrou-se bicampeão do mundo. Ainda competitivo, venceu mais duas corridas pela mesma equipe no ano seguinte



Copersucar Fittipaldi
Em 1975, fundou, em parceria com o irmão, a equipe Fittipaldi, equipe inteiramente brasileira e que contava com o apoio da empresa estatal Coopersucar, nome pelo qual a equipe se tornou mais conhecida entre os brasileiros. O primeiro ano em sua própria equipe (1976) foi frustrante, com constantes abandonos. Em 1977, Emerson conquistou alguns resultados razoáveis, como três quartos lugares, mas foi em 1978 que ocorreu o grande momento de Emerson em sua própria equipe, ao terminar o Grande Prêmio do Brasil no circuito de Jacarepaguá em segundo lugar.

A partir de então houve um declínio técnico na equipe, e, ao final de 1980, no mesmo circuito de Watkins Glen onde vencera sua primeira prova, Emerson Fittipaldi retirou-se da Fórmula 1 como piloto. Em 1982, após seu piloto Chico Serra marcar um ponto no Grande Prêmio da Bélgica, sua equipe fechou as portas.

Ao longo da carreira na Fórmula 1 foram 149 Grandes Prêmios, 14 vitórias, 6 pole positions, 5 melhores voltas, com um total de 276 pontos.

http://speedbrazil.blogspot.com/2008/06/era-dos-campees-emerson-fittipaldi.html





Irmãos Ortega e Josué- Catanduva


ORTEGA E JOSUÉ
 Antonio Ortega de Haro e Josué de Grande foram jovens catanduvenses que perderam suas vidas durante a revolução DE 32. Esses rapazes deixaram suas famílias e foram se juntar às tropas revolucionárias paulistas. Infelizmente, jamais voltaram a ver sua querida Catanduva, porém, deixaram um exemplo de amor a Pátria e civismo, que devemos nos orgulhar até hoje.
Antonio Ortega de Haro (1923/08/1907-25/04/1932) foi morto em combate e enterrado na própria trincheira. Seu corpo foi translado para Catanduva no ano de 1933 e encontra-se sepultado no Cemitério Nossa Senhora do Carmo.
Josué de Grande (19/07/1906 -21/09/1932) – nos campos de batalha contraiu uma grave doença que comprometeu seu fígado. Doente, foi transferido para São Paulo, onde faleceu poucos dias depois.




Basquete de Catanduva, Um orgulho feiticeiro!








Situada a 390 km da capital, a bela e hospitaleira Catanduva com seus 110 mil habitantes, tem muita história para contar, principalmente para aqueles que amam o basquete.Já na década de 50, a cidade encantava-se com a equipe masculina do Cruzeiro Cestobol Clube, um dos melhores times do interior paulista. No final da década de 70, o clube Higienópolis, colocava definitivamente Catanduva no mapa múndi do basquete feminino e podendo dizer que Hortência, a Rainha do Basquete, jogou aqui.
O brasileiro em si tem uma “cultura”, se é que posso chamar de cultura, de não ter memória...as vezes ouvimos algum comentário como “Wlamir Marques foi bicampeão mundial... o basquete feminino brasileiro foi campeão do mundo..”
Eu discordo plenamente; o Wlamir Marques, esta lenda viva do nosso basquete É BICAMPEÃO MUNDIAL, é um mérito dele e temos que cultivar os nossos grandes bem feitores do basquete e não só dizer que já foi.
Hoje peço licença à Revista PLACAR, um dos maiores veículos da comunicação esportiva, registrou em suas páginas, matérias sobre o basquete de Catanduva, bem como fotos, de autoria de Manoel Motta, que já na década de 70, Catanduva já tinha em mente que o “Basquete se aprende na escola”.
E hoje, quando vivemos nossa maior crise no esporte, vamos voltar aos anos 70 e aprender a lição e começar tudo de novo.
Em 1979, Catanduva tinha em seu elenco, Cristina, Regina, Virgínia, Ilza, Jane, Lúcia, Sumara, Roselaine, Mara, Ivana, Patrícia e simplesmente Hortência a campeoníssima do mundo e medalhista olímpica!
Hoje são campeãs por Catanduva, Fabão, Silvinha, Palmira, Kelly, Natália, Joice, Ana Lúcia, Lelê, Karla, Wivian e Isis. Vocês são meninas de ouro, vocês fazem a história deste esporte mais alegre e como o basquete se aprende na escola, vamos aprender com vocês que precisamos de raça e muita raça para que o nosso basquete volte ao cenário mundial com e destaque que sempre mereceu.
E o técnico? No ano em que importamos um técnico estrangeiro, temos Edson Ferreto! Tenho certeza que quando James Naismith inspirado por deuses, criou o basquete nos idos de 1891 e seus súditos foram arremessando bolas para o mundo todo e as fadas dirigiram estas bolas para caírem somente onde fossem bem tratadas e sem dúvida, uma bola caiu na casa desta lenda viva do nosso basquete que é Edson Ferreto, mudaram as atletas, as décadas, Ferreto permaneceu para ser campeão mais uma vez e proporcionar a Catanduva, que também recebeu uma bola das fadas de Naismith, porque já sabiam que Catanduva é uma senhora cidade que ama o basquete e é uma campeã! fotos cedidas pela Revista Placar (1979)


Fotos cedidas pela revista Placar
MARCOS DO CARMO

http://chuamarcos.blogspot.com/2008/09/catanduva-campe-paulista-de-basquete.html



The Sandpiper (1965) - Elizabeth Taylor and Richard Burton





The Sandpiper (Adeus às Ilusões (título no Brasil) ) é um filme estadunidense de 1965, de gênero drama, dirigido por Vincente Minnelli, com roteiro de Dalton Trumbo e Michael Wilson baseado em história de Martin Ransohoff.
Elenco:


Elizabeh Taylor
Richard Burton.... Dr. Edward Hewitt
Eva Marie Saint.... Claire Hewitt
Charles Bronson.... Cos Erickson
Robert Webber.... Ward Hendricks
James Edwards.... Larry Brant
Torin Thatcher.... Juiz Thompson
Tom Drake.... Walter Robinson
Douglas Henderson.... Paul Sutcliff
Morgan Mason.... Danny Reynolds
Peter O'Toole (voz)
[editar]
Principais prêmios e indicações


Oscar 1966 (EUA)
Indicado nas categorias de melhor trilha sonora e melhor canção original (The Shadow of Your Smile).
Grammy 1966 (EUA)
Venceu na categoria de melhor canção original (The Shadow of Your Smile).
Globo de Ouro 1966 (EUA)
Indicado nas categorias de melhor trilha sonora e melhor canção original (The Shadow of Your Smile).
Grammy 1966 (EUA)
Venceu na categoria de melhor trilha sonora composta para um filme.


Este é o terceiro de onze filmes em que Richard Burton e Elizabeth Taylor trabalham juntos.
 Os demais foram Cleópatra (1963), Gente Muito Importante (1963), Quem Tem Medo de Virginia Woolf? (1966), A Megera Domada (1967), Doutor Faustus (1967), Os Farsantes (1967), O Homem que Veio de Longe (1968), Ana dos Mil Dias (1969), Unidos pelo Mal (1972) e Divórcio Dele, Divórcio Dela (1973).






The shadow of your smile anos 60, Linda!!!!

Harmony Cats - anos 70





O Harmony Cats foi um quinteto vocal de disco music formado na cidade de São Paulo (SP), em 1976. Tinha inicialmente como componentes cinco vozes: Cidinha (Maria Aparecida de Souza), Rita (Rita Kfhoury), Heleninha (Maria Helena Violin), Maria Amélia (Maria Amelia Costa Manso) e Vivian (Vivian Costa Manso).
Primeira fase
O conjunto iniciou a carreira com o nome de "Bandits of Love". Na época em que a discoteca estava em voga, o grupo especializou-se em fazer versões em inglês de sucessos da MPB em ritmo de disco music. Em 1976, lançou um compacto com as músicas "Cangaceiro" e Tristeza"; logo depois, no mesmo ano de 1976, mudou de nome para Harmony Cats.
Nos anos 70 era comum cantores brasileiros que adotavam seus nomes e letras de suas músicas em inglês. Esta época ficou conhecida como geração Made in Brazil. Um produtor criou as Harmony Cats para ser uma grupo "Made in Brazil" de Discoteca.
As Harmony cats nasceram espontaneamente nos Estudios Reunidos em São Paulo em 1976. Eram cinco moças que faziam backing vocals para vários artistas brasileiros. Hélio Costa Manso, produtor e diretor artístico da R.G.E. foi quem teve a idéia. Montou uma série de pout-pourris ou medleys baseados em temas de filmes e clássicos do Rock and Roll. Foi um sucesso tão grande que as cinco meninas viram seu disco ser lançado na Europa e no Japão.
Passaram então a fazer muito sucesso, seguindo o estilo do grupo As Frenéticas, tendo como repertório básico a disco music e se especializando em gravar medleys de hits da Era Disco. O arranjo das músicas eram bem eletrônico, utilizando os recursos mais modernos da época. Elas não tinham música próprias, só cantavam medley (monte de trecho de músicas numa só faixa) e tiveram nesta época 2 hits, apesar de serem parecidos, fizem sucessos, que era o Night Fever, Stayin' Alive, You Should Be Dancin', Nights On Broadway, Jive Talking, Lonely Days Lonely Nights, If I Can't Have You, Every Night Fever]] Medley" (formado somente com música do Filme "Saturday Night Fever") e o "Every Night Fever" (formada por vários cantores). Um dos discos delas se chamou "Harmony Cats - 200 grandes hits", ou seja era um disco com 200 trechos de músicas de sucessos.
O compacto em 1978, com o título de "Every Night Fever", tinha como faixa 1 as músicas: "Night Fever", "Stayin' Alive", "What's Your Name, What's Your Number", "Zodiacs", "Don't Leave Me This Way", "I'm Sagitarius", "I Can't Stand The Rain" e "Utopia". A faixa 2 com "Utopia", "From Here To Eternity", "Star Wars", "Boogie Nights", "You Should Be Dancin'", "Nights On Broadway", "Jive Talkin'", "Lonely Days, Lonely Nights", "If I Can't Have You" e "Every Night Fever". Tornam-se assim covers dos Bee Gees com "Saturday Night Medley". Este medley entrou na trilha da novela Dancin' Days.

Wikpédia, a enciclopédia





sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Revolução Cubana anos 60







Fidel Castro, a revolução cubana e a América Latina
por Luiz Alberto Moniz Bandeira*



Quando o ditador Fulgêncio Batista, sem mais condições de manter-se no poder, renunciou durante o reveillon de 1959 e, secretamente, fugiu de Cuba para a República Dominicana, não foi só o seu governo que caiu. Todo o Estado cubano se havia desintegrado e 1959 tornou-se um ano realmente novo. Dias depois, centenas de guerrilheiros barbudos, grande parte de guajiros (trabalhadores do campo), sujos, uniformes rasgados, entraram em Havana, sob o comando de Fidel Castro, Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos. Era o clímax de uma epopéia, iniciada por apenas 16 sobreviventes, dos 82 que desembarcaram do iate Granma, no litoral Cuba, em 2 de dezembro de 1956.  Fidel Castro tinha então 25 anos e, durante dois anos, comandou a guerra de guerrilhas, juntamente com seu irmão Raúl Castro, Che Guevara e Camilo Cienfuegos, organizando o Exército Rebelde, que destruiu a ditadura dos sargentos Fulgêncio Batista, respaldada pelos Estados Unidos.

A revolução cubana foi o fato político mais poderoso e o que maior impacto causou na América Latina, ao longo do século XX, não por causa do seu caráter heróico e romântico ou porque o regime implantado por Fidel Castro evoluiu posteriormente para o comunismo, mas porque ela exprimiu dramaticamente as contradições não resolvidas entre os Estados Unidos e os demais países da região. Não foram os comunistas que promoveram a revolução cubana, no contexto da na Guerra Fria. Conquanto alguns de seus líderes, como Ernesto Che Guevara e o próprio Fidel Castro, em pequena medida, acolhessem idéias marxistas, eles não pertenciam a nenhum partido comunista e não era inevitável que a revolução cubana se desenvolvesse a tal ponto de identificar-se com a doutrina comunista e instituísse a sua forma de governo. Com razão, o historiador Thomas Skidmore, da Brown University, apontou Cuba como “um estudo clássico do fenômeno nacionalista”, acrescentando que o povo podia ver o caráter autoritário do regime, mas “o real apelo do regime de Castro era o nacionalismo”. Com efeito, a revolução cubana foi autóctone, teve um caráter nacional e democrático, e a implantação de um regime segundo o modelo dos países do Leste Europeu resultou de uma contingência histórica, não de uma política empreendida pela União Soviética, ma, sim, empreendida pelos Estados Unidos que, sem respeitar os princípios da soberania nacional e autodeterminação dos povos, não aceitaram os atos da revolução, como a reforma agrária, e transformaram contradições de interesses nacionais em um problema do conflito Leste-Oeste.

 Em abril de 1959, quatro meses após a tomada do poder em Havana, Fidel Castro esteve em Buenos Aires, a fim de participar conferência do Comitê dos 21, organismo encarregado de estruturar a Operação Pan-Americana, e seu discurso, segundo o então presidente Juscelino Kubitschek, refletiu “melhor do que os demais a tragédia da América Latina”, dada a crueza que ressaltava de suas palavras. Causou “verdadeiro impacto” ao reclamar dos Estados Unidos uma ajuda financeira à América Latina, no valor de US$ 30 milhões. Kubitschek, após conversar com Fidel Castro em Brasília e ter “a oportunidade de conhecer, em profundidade, seu pensamento”, concluiu que ele era “um idealista amargurado, que sofrera na carne as conseqüências do apoio dado pelos Estados Unidos às ditaduras na América Latina”, uma vez que Cuba fora marcada por “longa tradição de tirania” e seu povo, havendo suportado “o garrote do regime de Batista, não conseguia separar a trágica realidade da situação interna do apoio irrestrito de Washington ao opressor do país”.

Ao regressar de Buenos Aires, Fidel Castro passou pelo Rio de Janeiro e fez um discurso na Praça Barão Rio Branco, organizado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e no qual repetiu basicamente o que dissera em Buenos Aires: “Ni pan sin liberdad ni libertad sin pan”.  Lembro-me bem destas suas palavras, pois estava ao seu lado no palanque. E, em Havana, Fidel Castro voltou a reiterar que “la ideología de nuestra revolución es bien clara; no solo ofrecemos a los hombres libertades sino que le ofrecemos pan. No solo le ofrecemos a los hombres pan, sino que le ofrecemos también libertades”. Ao longo do discurso, durante o qual tratou de definir a ideologia da revolução, Castro, após salientar que no mundo se discutiam duas concepções, a que oferecia aos povos democracia e matava-os de fome e a que oferecia pão, mas lhes suprimia as liberdades, afirmou:

“Nosotros  nos vamos poner a la derecha, no nos vamos poner a la izquierda, ni nos vamos poner en el centro, que nuestra Revolución no es centrista. Nosotros no vamos poner un poco más adelante que la derecha y que la izquierda. Ni a la derecha  ni a la izquierda, un paso más allá de la derecha y de la izquierda”.

Em abril de 1960, quando estive em Havana, acompanhando Jânio Quadros, então candidato à presidência do Brasil, vi Fidel Castro mostrar-lhe um crucifixo que trazia pendurado no pescoço, indicando que não era comunista e que respeitava a Igreja. Mas, um ano depois, em 16 de abril de 1961, após o bombardeio dos aeroportos de San Antonio de los Baños, Santiago e Havana pelos aviões da CIA, Fidel Castro, após compará-lo, com justo motivo, ao ataque pérfido e traiçoeiro do Japão a Pearl Harbor, em 1941, declarou que os Estados Unidos não perdoavam Cuba porque “esta es la revolución socialista y democrática de los humildes, con los humildes y para los humildes”.

Ao fazer essa declaração, Fidel Castro buscou comprometer a União Soviética na defesa de Cuba. Ele jogou com o conflito político e ideológico que então eclodira entre Moscou e Pequim e dividira o Bloco Socialista, pois temia que Nikita Kruchev, na linha coexistência pacífica e em entendimento com John Kennedy, trocasse Cuba por Berlim Ocidental, em prol de melhores relações com os Estados Unidos. A proclamação do caráter socialista da revolução cubana, porém, representou igualmente duro golpe nos dogmas cristalizados por Joseph Stalin e outros líderes comunistas, sob o rótulo de marxismo-leninismo, uma vez que ela fora realizada não por um partido supostamente operário, constituído sob as normas do chamado centralismo-democrático e rotulado de comunista, mas pelo Movimento 26 de Julho, uma organização composta, sobretudo, por elementos das classes médias, que, no curso da guerra de guerrilhas, passaram a incorporar camponeses e trabalhadores rurais, os guajiros, ao Exército Rebelde, em benefício dos quais realizaram a reforma agrária.

De conformidade com a ortodoxia stalinista, Cuba não tinha condições materiais senão para realizar uma revolução agrária e democrática, mediante a instalação de um “governo patriótico”, de união com a burguesia progressista, que se propusesse a impulsionar o processo de industrialização e, libertando o país do domínio imperialista, promover o desenvolvimento econômico e a emancipação nacional. Os dirigentes comunistas, que visitavam Havana, consideravam a revolução em Cuba estranha ao modelo, por eles reconhecido, dado lá não existir um operariado industrial, e julgavam Fidel Castro e seus companheiros um “grupo inexperiente, com formações ideológicas diversas e pouco definidas”, orientados pelo que qualificaram como “marxismo amador, ou melhor ainda, como cubanismo”. Ouvi quando Luiz Carlos Prestes, então secretário-geral do PCB, qualificou Fidel Castro como “aventureiro”, em entrevista à imprensa do Rio de Janeiro, em 1959.

A revolução cubana assim produziu profundas conseqüências na América Latina, onde a tendência das Forças Armadas para intervir, como instituição, no processo político, a partir de 1960, não decorreu apenas de fatores endógenos e constituiu muito mais um fenômeno de política internacional continental do que de política nacional, argentina, equatoriana, brasileira etc., uma vez que fora determinada, em larga medida, pela mutação que os Estados Unidos estavam a promover na estratégia de segurança do hemisfério, redefinindo as ameaças, com prioridade para o inimigo interno, e difundindo, através, particularmente, da Junta Interamericana de Defesa, as doutrinas de contra-insurreição e da ação cívica. Tanto isto é certo que a intervenção das Forças Armadas, a princípio, visou, sobretudo, a ditar decisões diplomáticas, a modificar diretrizes de política exterior, e ocorreu, geralmente, nos países cujos governos se recusavam a romper relações com Cuba. E daí o surto militarista, com a propagação dos golpes de Estado, que tinham como principal fonte de inspiração a Junta Interamericana de Defesa, visando a impedir que outro Fidel Castro surgisse na América Latina.

Fidel Castro foi o mais importante líder da América Latina, no século XX, e o fato de que permaneceu quase meio século no poder, apesar do bloqueio e de todas as pressões, inclusive dezenas tentativas de assassinato pela CIA, representou a maior derrota política que os Estados Unidos sofreram, apesar de seu enorme poderio econômico e militar.


* Luiz Alberto Moniz Bandeira é cientista político, professor emérito da Universidade de Brasília e autor de mais de 20 obras, entre as quais De Marti a Fidel: a Revolução Cubana e a América Latina.

http://www.espacoacademico.com.br/082/82bandeira.htm