Brasil, a luta contra o racismo e a intolerancia não é de hoje.
A primeira manifestação que houve no Brasil contra o apartheid foi em 1959 – jogadores brasileiros do clube de futebol Portuguesa Santista, que estava em trânsito pela África do Sul para ir disputar jogos em Moçambique, foram vítimas do Apartheid. O então Encarregado de Negócios da Legação Brasileira na Cidade do Cabo, Segundo-Secretário Joaquim de Almeida Serra foi provavelmente o primeiro brasileiro a se manifestar contra o Apartheid sul-africano e sua atitude impedindo os jogadores brancos e negros brasileiros de se submeterem ao apartheid fortaleceuo movimento contra o apartheid esportivo na própria África do Sul ao mesmo tempo em que por sua atitude dava ao povo brasileiro exemplar lição de como tratar o racismo nas relações internacionais. Era a época dos “anos dourados” do governo de Juscelino Kubitscheck que construía Brasília. O Brasil tinha acabado de ser campeão mundial de futebol com Pelé, Garrincha e a esperança e o patriotismo tinham lugar. Somente quase trinta anos depois o repúdio ao racismo nas relações internacionais ficaria consagrado no texto da Constituição Brasileira de 19884, que entrou para a história como a Constituição Cidadã.
No Brasil Colônia, a base da economia e de sua riqueza estava no trabalho escravo. O Brasil foi o último país da América a abolir o terrível regime escravista, no ano de 1888, ato que condenou a Monarquia e abriu as portas para a República. Na época, o trabalho assalariado já despontava como o mais adequado à sociedade industrial em formação. Os negros, que até então não tinham outro trabalho a não ser o braçal se viram, repentinamente, sem labor ou onde morar, pois sua permanência nas terras do antigo senhor de escravos não era mais possível. Ao mesmo tempo, o Brasil abriu suas portas à mão de obra imigrante, principalmente de pessoas vindas da Europa, negligenciando os ex-escravos negros, em sua grande maioria, marginalizando-os, deixando-os sem trabalho e sem acesso à escola, refugiados em quilombos, favelas, mocambos e palafitas. De repente, os negros foram declarados livres e, após a alegria inicial, descobriram-se sem teto, trabalho e meios de sobrevivência. Durante a vida toda, os negros trabalhavam para seus senhores, nunca para si, recebendo um mínimo para sua subsistência. Com o fim da escravidão, não ocorreu aos abolicionistas a necessidade de garantir-lhes meios para sua sobrevivência nem a posse da terra para sua fixação. Favorecidos de um lado, a marginalização dos negros não acabou, apenas "mudou de roupagem", pois sua discriminação ganhou uma outra perspectiva: o esquecimento.
A partir do capitalismo o indivíduo negro, quando não permanecia desempregado por não possuir qualificação, passou a ser utilizado em serviços que exigiam mão-de-obra pesada. De escravo, o negro
passou a ser assalariado, mas não ascende, socialmente, como os brancos. A qualificação era imprescindível no regime capitalista e, justamente por apresentar mais procura do que oferta, o mercado de trabalho era seletivo, estando os negros em último lugar na ordem de preferência. Esta tendência continua, ainda, nos dias de hoje, evidentemente. Os negros, em sua grande maioria, continuam sem vez e sem voz, em trabalhos mais pesados e em regime de quase semi-escravidão, particularmente nas fazendas. Aos negros sobraram os pequenos serviços: o comércio ambulante, o conserto, o biscate e, sobretudo, os serviços pessoais.
Preconceito.
Apesar do negro ter alcançando a igualdade jurídica a partir da abolição, a desigualdade sócio-econômica com relação aos brancos se mantinha a mesma, e a ideologia de 400 anos de escravidão se mantinha forte, definindo a diferença entre os dois, sendo o negro eternamente visto como um indivíduo submisso e inferior aos brancos. Mais do que isso o negro, com o fim da escravidão, passa a ser visto como um fator de concorrência ao mercado de trabalho, a ameaça viva de tirar do branco as oportunidades que sempre lhe couberam. O preconceito racial continuou a ser exteriorizado de maneira discreta e branda e existe ainda hoje em várias regiões do Brasil, manifestando-se em maior ou menor grau, em todas as classes sociais.
Um exemplo típico de racismo se comprova com os dados de pesquisa do Datafolha, que publicou uma pesquisa onde revela que os negros são abordados com mais freqüência em batidas policiais, recebendo mais insultos e agressões físicas do que os indivíduos brancos. Por questão desta abordagem, são igualmente mais revistados que pessoas de outra etnia. A escolaridade e a condição financeira têm pouca influência sobre a freqüência e incidência destas batidas policiais e da violência que ora se comete. Esta violência é praticada quase sempre contra indivíduos negros ou mulatos, seja na forma de ofensa verbal ou agressão física. Conclui-se que os métodos de abordagem da polícia junto ao indivíduo levam em consideração sua aparência física (vestimentas), a etnia (fatos principal) e um estereótipo completamente fora de sentido: a expressão facial da pessoal. O indivíduo que se encontra dentro da tipificação psicológica acaba fazendo parte de um sistema seletivo e discriminatório, e este indivíduo, geralmente, é pobre, negro ou mulato.
Entretanto, desde que a telenovela consolidou-se no Brasil como um importante produto cultural, houve atores negros que se destacaram. A telenovela O Direito de Nascer, baseada em uma radionovela cubana, foi ao ar entre 1964 e 1965, tornando-se um marco na história da tevê.
A personagem “Mamãe Dolores”, interpretada pela atriz negra Isaura Bruno, era
extremamente bem quista pelos telespectadores. Apesar da empatia despertada no público por uma
atriz negra, nos anos seguintes pouco se viu de personagens importantes interpretados por atores e
atrizes negras na teledramaturgia brasileira. Na década de 60, entre os atores que se consagraram
como ídolos nacionais, nenhum era negro, nem mesmo Isaura Bruno. Ruth de Souza é uma atriz negra pioneira no teatro, no cinema e na televisão brasileira. Recebeu diversos prêmios por seus
trabalhos no Brasil, porém, em sua primeira participação em uma telenovela, em 1965, na TV Excelsior, o papel que lhe foi destinado era o de uma empregada doméstica bissbilhoteira.
Todavia, nenhuma história levada ao ar na década de 70 mostrou a luta da população negra brasileira pela ascensão social, nem atores e atrizes negras como protagonistas. No entanto, já era possível encontrar personagens negros, de classe média alta, bem sucedidos em suas profissões. Na novela Pecado capital, de 1975, o ator Milton Gonçalves interpretou um psiquiatra que atendia uma paciente branca e posteriormente se envolveu em uma relação inter-racial com sua paciente, mas o romance foi vetado na novela devido a pressões do público e da censura política.
O Negro no futebol.
Quando foi implantado no Brasil, no começo do século XX, o futebol, de origem inglesa, era um esporte praticado pelas elites e os clubes se fechavam aos pobres, principalmente se não fossem brancos. Os primeiros jogadores pardos e mulatos, como o paulista Arthur Friedenreich, grande ídolo dos anos 10 e 20, autor do gol que deu ao país o título do Sul-americano de 1919, tinha de alisar o cabelo para parecer branco. Outros, usavam pó-de-arroz na pele, de onde veio o apelido do aristocrático Fluminense do Rio. O Vasco chegou a ser proibido de jogar o campeonato carioca por ser o primeiro time de prestígio a incluir negros em suas fileiras. Mas aos poucos, diante do inegável talento dos negros para o futebol, a resistência foi caindo. Vieram Leônidas, Zizinho, Domingos da Guia, Didi. Mas só mesmo com a explosão de Pelé e Garrincha, a partir do final dos anos 50, a imprensa e o povo se renderam às qualidades futebolísticas da raça negra. A lista recente dos grandes craques brasileiros mostra que sem os negros o Brasil não seria reverenciado como o País do Futebol: Romário, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Robinho, Adriano, Vagner Love, são alguns negros ou descendentes de negros que ainda brilham nos campos de futebol. “O Negro no Futebol Brasileiro”, com
402 páginas, lançado pela Editora Civilização Brasileira, termina a história no começo dos anos 60, com a confirmação de Pelé como o maior gênio do futebol mundial. É uma obra indispensável para se conhecer o futebol, o Brasil e o povo brasileiros.
Na música
Vários negros se destacaram como cantores e compositores, conquistando seus espaços no cenário musical nacional e alcançando fama e admiração, respeito do público brasileiro. Citamos alguns deles, sem desmerecer a todos os demais: Agostinho dos Santos, Cartola, Djavam, Gilberto Gil, Gonzaguinha, Jorge Benjor, Jair Rodrigues,Milton Nascimento, Elizeth Cardoso, Leci Brandão, Luiz Melodia, Noite Ilustrada, Lupicínio Rodrigues...
Estamos no século 21, certo? Discriminações raciais são coisas do passado, não? Será mesmo que novas gerações – em sua maioria – não foram contaminadas pelo racismo? A verdade é que pode parecer que evoluímos muito desde a aurora dos movimentos pelos direitos civis no início dos anos 60. Mas só parece.
Concordo que algumas etapas foram superadas em termos de racismo. Mas onde viramos uma página do preconceito racial, uma outra sobre diferentes opções sexuais é escrita. E assim caminha a humanidade, que ainda tem muito a aprender. Na verdade, caminhamos a passos curtos de tartaruga. Cada conquista alcançada pelo Homem teve um primeiro capítulo. a história foi construída com ódio, mas também com coragem. Pequenos atos que se tornam grandiosos para gerações futuras.
Mas é é impossível deixar de perceber avanços em relação à década de 1960.
O atual presidente negro dos EUA-Obama
42,3% das universidades federais do país têm cotas para negros
21/11/2012
Joaquim Barbosa faz história e será primeiro negro a presidir o STF
Uma grande homenagem ao negro Joaquim Barbosa, que se transformou num herói nacional, o que enche de orgulho um país de maioria negra, que desde que o negro Barack Obama assumiu a presidência do país mais rico e poderoso do mundo, passou a adotar um novo comportamento, ou seja, uma postura mais afirmativa e altiva diante da vida.
Para o negro brasileiro, depois do julgamento do Mensalão, o Brasil não será nunca mais o mesmo, porque qualquer brasileiro negro poderá vir a ser um Joaquim Barbosa: inteligente, competente e afirmativo.
Fontes: http://pt.shvoong.com/humanities/history/1661520-negro-futebol-brasileiro/#ixzz24yoEgUAI
http://jus.com.br/revista/texto/5227/direitos-humanos-no-brasihttp://www.unicruz.edu.br/seminario/artigos/humanas/O%20NEGRO%20NA%20TELINHA.%20A%20REPRESENTA%C3%87%C3%83O%20DOS%20AFRO-DESCENDENTES%20NAS%20TELENOVELAS%20BRASILEIRAS.pdf
http://sem3w.blogspot.com.br/2009/04/brasil-luta-contra-o-racismo-e.html
http://pt.shvoong.com/humanities/history/1661520-negro-futebol-brasileiro/