quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Negros no Brasil, luta contra o racismo-.anos 60


Brasil, a luta contra o racismo e a intolerancia não é de hoje.


A primeira manifestação que houve no Brasil contra o apartheid foi em 1959 – jogadores brasileiros do clube de futebol Portuguesa Santista, que estava em trânsito pela África do Sul para ir disputar jogos em Moçambique, foram vítimas do Apartheid. O então Encarregado de Negócios da Legação Brasileira na Cidade do Cabo, Segundo-Secretário Joaquim de Almeida Serra foi provavelmente o primeiro brasileiro a se manifestar contra o Apartheid sul-africano e sua atitude impedindo os jogadores brancos e negros brasileiros de se submeterem ao apartheid fortaleceuo movimento contra o apartheid esportivo na própria África do Sul ao mesmo tempo em que por sua atitude dava ao povo brasileiro exemplar lição de como tratar o racismo nas relações internacionais. Era a época dos “anos dourados” do governo de Juscelino Kubitscheck que construía Brasília. O Brasil tinha acabado de ser campeão mundial de futebol com Pelé, Garrincha e a esperança e o patriotismo tinham lugar. Somente quase trinta anos depois o repúdio ao racismo nas relações internacionais ficaria consagrado no texto da Constituição Brasileira de 19884, que entrou para a história como a Constituição Cidadã.

No Brasil Colônia, a base da economia e de sua riqueza estava no trabalho escravo. O Brasil foi o último país da América a abolir o terrível regime escravista, no ano de 1888, ato que condenou a Monarquia e abriu as portas para a República. Na época, o trabalho assalariado já despontava como o mais adequado à sociedade industrial em formação. Os negros, que até então não tinham outro trabalho a não ser o braçal se viram, repentinamente, sem labor ou onde morar, pois sua permanência nas terras do antigo senhor de escravos não era mais possível. Ao mesmo tempo, o Brasil abriu suas portas à mão de obra imigrante, principalmente de pessoas vindas da Europa, negligenciando os ex-escravos negros, em sua grande maioria, marginalizando-os, deixando-os sem trabalho e sem acesso à escola, refugiados em quilombos, favelas, mocambos e palafitas. De repente, os negros foram declarados livres e, após a alegria inicial, descobriram-se sem teto, trabalho e meios de sobrevivência. Durante a vida toda, os negros trabalhavam para seus senhores, nunca para si, recebendo um mínimo para sua subsistência. Com o fim da escravidão, não ocorreu aos abolicionistas a necessidade de garantir-lhes meios para sua sobrevivência nem a posse da terra para sua fixação. Favorecidos de um lado, a marginalização dos negros não acabou, apenas "mudou de roupagem", pois sua discriminação ganhou uma outra perspectiva: o esquecimento.


A partir do capitalismo o indivíduo negro, quando não permanecia desempregado por não possuir qualificação, passou a ser utilizado em serviços que exigiam mão-de-obra pesada. De escravo, o negro 
passou a ser assalariado, mas não ascende, socialmente, como os brancos. A qualificação era imprescindível no regime capitalista e, justamente por apresentar mais procura do que oferta, o mercado de trabalho era seletivo, estando os negros em último lugar na ordem de preferência. Esta tendência continua, ainda, nos dias de hoje, evidentemente. Os negros, em sua grande maioria, continuam sem vez e sem voz, em trabalhos mais pesados e em regime de quase semi-escravidão, particularmente nas fazendas. Aos negros sobraram os pequenos serviços: o comércio ambulante, o conserto, o biscate e, sobretudo, os serviços pessoais.

Preconceito.
Apesar do negro ter alcançando a igualdade jurídica a partir da abolição, a desigualdade sócio-econômica com relação aos brancos se mantinha a mesma, e a ideologia de 400 anos de escravidão se mantinha forte, definindo a diferença entre os dois, sendo o negro eternamente visto como um indivíduo submisso e inferior aos brancos. Mais do que isso o negro, com o fim da escravidão, passa a ser visto como um fator de concorrência ao mercado de trabalho, a ameaça viva de tirar do branco as oportunidades que sempre lhe couberam. O preconceito racial continuou a ser exteriorizado de maneira discreta e branda e existe ainda hoje em várias regiões do Brasil, manifestando-se em maior ou menor grau, em todas as classes sociais.
Um exemplo típico de racismo se comprova com os dados de pesquisa do Datafolha, que publicou uma pesquisa onde revela que os negros são abordados com mais freqüência em batidas policiais, recebendo mais insultos e agressões físicas do que os indivíduos brancos. Por questão desta abordagem, são igualmente mais revistados que pessoas de outra etnia. A escolaridade e a condição financeira têm pouca influência sobre a freqüência e incidência destas batidas policiais e da violência que ora se comete. Esta violência é praticada quase sempre contra indivíduos negros ou mulatos, seja na forma de ofensa verbal ou agressão física. Conclui-se que os métodos de abordagem da polícia junto ao indivíduo levam em consideração sua aparência física (vestimentas), a etnia (fatos principal) e um estereótipo completamente fora de sentido: a expressão facial da pessoal. O indivíduo que se encontra dentro da tipificação psicológica acaba fazendo parte de um sistema seletivo e discriminatório, e este indivíduo, geralmente, é pobre, negro ou mulato.

Entretanto, desde que a telenovela consolidou-se no Brasil como um importante produto cultural, houve atores negros que se  destacaram. A telenovela  O Direito de Nascer, baseada em uma radionovela  cubana, foi ao ar entre 1964 e 1965, tornando-se um marco na história da tevê.

A personagem “Mamãe Dolores”, interpretada pela atriz negra Isaura Bruno, era 
extremamente bem quista pelos telespectadores.  Apesar da empatia despertada no público por uma 
atriz negra, nos anos seguintes pouco se viu de personagens importantes interpretados por atores e 
atrizes negras na teledramaturgia brasileira. Na década de 60, entre os atores que se consagraram 
como ídolos nacionais, nenhum era negro, nem mesmo Isaura Bruno. Ruth de Souza é uma atriz negra pioneira no teatro, no cinema e na televisão brasileira. Recebeu diversos prêmios por seus 
trabalhos no Brasil,  porém, em sua primeira participação em uma telenovela, em 1965, na TV Excelsior, o papel que lhe foi destinado era o de uma empregada doméstica bissbilhoteira.
Todavia, nenhuma história levada ao ar na década de 70 mostrou a luta da população negra brasileira pela ascensão social, nem atores e atrizes negras como protagonistas. No entanto, já era possível encontrar personagens negros, de classe média alta, bem sucedidos em suas profissões. Na novela Pecado capital, de 1975, o ator Milton Gonçalves interpretou um psiquiatra que atendia uma paciente branca e posteriormente se envolveu em uma relação inter-racial com sua paciente, mas o romance foi vetado na novela devido a pressões do público e da censura política. 

O Negro no futebol.


 Quando foi implantado no Brasil, no começo do século XX, o futebol, de origem inglesa, era um esporte praticado pelas elites e os clubes se fechavam aos pobres, principalmente se não fossem brancos. Os primeiros jogadores pardos e mulatos, como o paulista Arthur Friedenreich, grande ídolo dos anos 10 e 20, autor do gol que deu ao país o título do Sul-americano de 1919, tinha de alisar o cabelo para parecer branco. Outros, usavam pó-de-arroz na pele, de onde veio o apelido do aristocrático Fluminense do Rio. O Vasco chegou a ser proibido de jogar o campeonato carioca por ser o primeiro time de prestígio a incluir negros em suas fileiras. Mas aos poucos, diante do inegável talento dos negros para o futebol, a resistência foi caindo. Vieram Leônidas, Zizinho, Domingos da Guia, Didi. Mas só mesmo com a explosão de Pelé e Garrincha, a partir do final dos anos 50, a imprensa e o povo se renderam às qualidades futebolísticas da raça negra. A lista recente dos grandes craques brasileiros mostra que sem os negros o Brasil não seria reverenciado como o País do Futebol: Romário, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Robinho, Adriano, Vagner Love, são alguns negros ou descendentes de negros que ainda brilham nos campos de futebol. “O Negro no Futebol Brasileiro”, com 
402 páginas, lançado pela Editora Civilização Brasileira, termina a história no começo dos anos 60, com a confirmação de Pelé como o maior gênio do futebol mundial. É uma obra indispensável para se conhecer o futebol, o Brasil e o povo brasileiros.

Na música

Vários negros se destacaram como cantores e compositores, conquistando seus espaços no cenário musical nacional e alcançando fama e admiração, respeito do público brasileiro.                                                          Citamos alguns deles, sem desmerecer a todos os demais:            Agostinho dos Santos, Cartola, Djavam, Gilberto Gil, Gonzaguinha, Jorge Benjor, Jair Rodrigues,Milton Nascimento, Elizeth Cardoso, Leci Brandão, Luiz Melodia, Noite Ilustrada, Lupicínio Rodrigues...

Estamos no século 21, certo?  Discriminações raciais são coisas do passado, não? Será mesmo que novas gerações – em sua maioria – não foram contaminadas pelo racismo? A verdade é que pode parecer que evoluímos muito desde a aurora dos movimentos pelos direitos civis no início dos anos 60. Mas só parece.
Concordo que algumas etapas foram superadas em termos de racismo. Mas onde viramos uma página do preconceito racial, uma outra sobre diferentes opções sexuais é escrita. E assim caminha a humanidade, que ainda tem muito a aprender. Na verdade, caminhamos a passos curtos de tartaruga.  Cada conquista alcançada pelo Homem teve um primeiro capítulo. a história foi construída com ódio, mas também com coragem. Pequenos atos que se tornam grandiosos para gerações futuras.   

Mas é  é impossível deixar de perceber avanços em relação à década de 1960.


O atual presidente negro dos EUA-Obama 


42,3% das universidades federais do país têm cotas para negros

21/11/2012
Joaquim Barbosa faz história e será primeiro negro a presidir o STF



 Uma grande homenagem ao negro Joaquim Barbosa, que se transformou num herói nacional, o que enche de orgulho um país de maioria negra, que desde que o negro Barack Obama assumiu a presidência do país mais rico e poderoso do mundo, passou a adotar um novo comportamento, ou seja, uma postura mais afirmativa e altiva diante da vida.
Para o negro brasileiro, depois do julgamento do Mensalão, o Brasil não será nunca mais o mesmo, porque qualquer brasileiro negro poderá vir a ser um Joaquim Barbosa: inteligente, competente e afirmativo. 



Fontes:                                                                                              http://pt.shvoong.com/humanities/history/1661520-negro-futebol-brasileiro/#ixzz24yoEgUAI
http://jus.com.br/revista/texto/5227/direitos-humanos-no-brasihttp://www.unicruz.edu.br/seminario/artigos/humanas/O%20NEGRO%20NA%20TELINHA.%20A%20REPRESENTA%C3%87%C3%83O%20DOS%20AFRO-DESCENDENTES%20NAS%20TELENOVELAS%20BRASILEIRAS.pdf
http://sem3w.blogspot.com.br/2009/04/brasil-luta-contra-o-racismo-e.html
http://pt.shvoong.com/humanities/history/1661520-negro-futebol-brasileiro/



3 comentários:

  1. 1/CARLOS DE ASSUMPÇÃO – O maior poeta negro da historia do Brasil autor do poema o PROTESTO Hino Nacional da luta da Consciência Negra Afro-brasileira, em celebração completou 87 anos de vida. CARLOS DE ASSUMPÇÃO nasceu 23 de maio de 1927 em Tiete-SP na sexta feira passada completou 87 anos de vida com sua família, amigos e nós da ORGANIZAÇÃO NEGRA NACIONAL QUILOMBO O. N. N. Q. FUNDADO 20/11/1970 (E diversas entidades e admiradores parabenizam o aniversario de 87 anos do mestre poeta negro Carlos Assumpção) tivemos a honra orgulho e satisfação de ligar para a histórica pessoa desejando felicidades, saúde e agradecer a Carlos de Assunpção pela sua obra gigante, em especial o poema o Protesto que para muitos é o maior e o mais significante poema dos afros brasileiros o Hino Nacional dos negros. “O Protesto” é o poema mais emblemático dos Afros Brasileiros e uns das América Negra, a escravidão em sua dor e as cicatrizes contemporâneas da inconsciência pragmática da alta sociedade permanente perversa no Poema “O Protesto” foi lançado 1958, na alegria do Brasil campeão de futebol, mas havia impropriedades e povo brasileiro era mal condicionado e hoje na Copa Mundial de Futebol no Brasil 2014 o poema “O Protesto” de Carlos de Assunpção está mais vivo com o povo na revolução para (Queda da Bas. Brasil.tilha) as manifestações reivindicatórias por justiça social econômica do povo brasileiro que desperta na reflexão do vivo protesto.
    O mestre Milton Santos dizia os versos do Protesto e o discurso de Martin Luther King, Jr. em Washington, D.C., a capital dos Estados Unidos da América, em 28 de Agosto de 1963, após a Marcha para Washington. «I have a Dream» (Eu tenho um sonho) foram os dois maiores clamores pela liberdade, direitos, paz e justiça dos afros americanos. São centenas de jornalistas, críticos e intelectuais do Brasil e de todo mundo que elogia a (O Protesto) (Manifestação que é negra essência poderosa na transformação dos ideais do povo) obra enaltece com eloquência o divisor de águas inquestionável do racismo e cordialidade vigente do Brasil Mas a ditadura e o monopólio da mídia e manipulação das elites que dominam o Brasil censuram o poema Protesto de Carlos de Assunpção que é nosso protesto histórico e renasce e manifesta e congregam os negros e todos os oprimidos, injustiçados desta nação que faz a Copa do Mundo gastando bilhões para uma ilusão de um mês que poderá ser triste ou alegre para o povo brasileiro este mesmo que às vezes não tem ou economiza centavos para as necessidades básicas e até para sua sobrevivência e dos seus. No Brasil
    .

    Organização Negra Nacional Quilombo ONNQ 20/11/1970 –
    quilombonnq@bol.com.br

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  2. 2/
    .
    Poema. Protesto de Carlos de Assunpção

    Mesmo que voltem as costas
    Às minhas palavras de fogo
    Não pararei de gritar
    Não pararei
    Não pararei de gritar

    Senhores
    Eu fui enviado ao mundo
    Para protestar
    Mentiras ouropéis nada
    Nada me fará calar

    Senhores
    Atrás do muro da noite
    Sem que ninguém o perceba
    Muitos dos meus ancestrais
    Já mortos há muito tempo
    Reúnem-se em minha casa
    E nos pomos a conversar
    Sobre coisas amargas
    Sobre grilhões e correntes
    Que no passado eram visíveis
    Sobre grilhões e correntes
    Que no presente são invisíveis
    Invisíveis mas existentes
    Nos braços no pensamento
    Nos passos nos sonhos na vida
    De cada um dos que vivem
    Juntos comigo enjeitados da Pátria

    Senhores
    O sangue dos meus avós
    Que corre nas minhas veias
    São gritos de rebeldia

    Um dia talvez alguém perguntará
    Comovido ante meu sofrimento
    Quem é que esta gritando
    Quem é que lamenta assim
    Quem é

    E eu responderei
    Sou eu irmão
    Irmão tu me desconheces
    Sou eu aquele que se tornara
    Vitima dos homens
    Sou eu aquele que sendo homem
    Foi vendido pelos homens
    Em leilões em praça pública
    Que foi vendido ou trocado
    Como instrumento qualquer
    Sou eu aquele que plantara
    Os canaviais e cafezais
    E os regou com suor e sangue
    Aquele que sustentou
    Sobre os ombros negros e fortes
    O progresso do País
    O que sofrera mil torturas
    O que chorara inutilmente
    O que dera tudo o que tinha
    E hoje em dia não tem nada
    Mas hoje grito não é
    Pelo que já se passou
    Que se passou é passado
    Meu coração já perdoou
    Hoje grito meu irmão
    É porque depois de tudo
    A justiça não chegou

    Sou eu quem grita sou eu
    O enganado no passado
    Preterido no presente
    Sou eu quem grita sou eu
    Sou eu meu irmão aquele
    Que viveu na prisão
    Que trabalhou na prisão
    Que sofreu na prisão
    Para que fosse construído
    O alicerce da nação
    O alicerce da nação
    Tem as pedras dos meus braços
    Tem a cal das minhas lágrima
    Por isso a nação é triste
    É muito grande mas triste
    É entre tanta gente triste
    Irmão sou eu o mais triste

    A minha história é contada
    Com tintas de amargura
    Um dia sob ovações e rosas de alegria
    Jogaram-me de repente
    Da prisão em que me achava
    Para uma prisão mais ampla
    Foi um cavalo de Tróia
    A liberdade que me deram
    Havia serpentes futuras
    Sob o manto do entusiasmo
    Um dia jogaram-me de repente
    Como bagaços de cana
    Como palhas de café
    Como coisa imprestável
    Que não servia mais pra nada
    Um dia jogaram-me de repente
    Nas sarjetas da rua do desamparo
    Sob ovações e rosas de alegria

    Sempre sonhara com a liberdade
    Mas a liberdade que me deram
    Foi mais ilusão que liberdade

    Irmão sou eu quem grita
    Eu tenho fortes razões
    Irmão sou eu quem grita
    Tenho mais necessidade
    De gritar que de respirar
    Mas irmão fica sabendo
    Piedade não é o que eu quero
    Piedade não me interessa
    Os fracos pedem piedade
    Eu quero coisa melhor
    Eu não quero mais viver
    No porão da sociedade
    Não quero ser marginal
    Quero entrar em toda parte
    Quero ser bem recebido
    Basta de humilhações
    Minh'alma já está cansada
    Eu quero o sol que é de todos
    Ou alcanço tudo o que eu quero
    Ou gritarei a noite inteira
    Como gritam os vulcões
    Como gritam os vendavais
    Como grita o mar
    E nem a morte terá força
    Para me fazer calar.
    Organização Negra Nacional Quilombo ONNQ 20/11/1970 –
    quilombonnq@bol.com.br

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  3. Parabéns...
    Ótima matéria!

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